Dia Nacional do Voluntariado celebra importância da solidariedade

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O Dia Nacional do Voluntariado, comemorado em 28 de agosto, mostra a importância do trabalho das organizações do Terceiro Setor

Dia Nacional do Voluntariado celebra importância da solidariedade
Foto: rawpixel.com via Freepik

Por: Júlia Pereira

No dia 28 de agosto de 1985, a lei nº 7.352 foi sancionada no Brasil, instituindo o Dia Nacional do Voluntariado. A data é comemorada anualmente desde então, e registra a importância da solidariedade e do trabalho voluntário à sociedade.

“Eu acho que ele [o Dia Nacional do Voluntariado] tem um significado mais amplo, porque fala da causa, fala de projetos e de programas a partir do momento que fala do voluntariado”, diz Silvia Naccache, palestrante, consultora nas áreas de voluntariado, responsabilidade social, desenvolvimento sustentável e Terceiro Setor, e colunista do Observatório do Terceiro Setor.

Silvia ressalta que as organizações devem aproveitar datas como essa para celebrar, reconhecer e fortalecer o trabalho das equipes.

“Uma organização da sociedade civil que tem um programa de voluntariado tem esse compromisso de cuidar deles, de criar oportunidades, de observar metas, de celebrar os resultados alcançados, de formá-los e treiná-los para que eles atuem da melhor forma possível”, destaca.

A consultora afirma que o trabalho voluntário vem sendo cada vez mais valorizado no Brasil, principalmente após o decreto de lei nº 9.608 de 1998, que deixou ainda mais claro o papel e a importância do voluntário dentro das organizações.

Além da legislação, a área também tem se fortalecido por meio do mundo corporativo. “As empresas estão incentivando seus colaboradores e facilitando para que eles pratiquem o voluntariado, que é a prática do voluntariado corporativo ou voluntariado empresarial”, afirma.

O reconhecimento do voluntário nos ambientes educativos e universitários também está crescendo. Silvia diz que, cada vez mais, a prática tem sido vista como uma formação, ou seja, o voluntariado forma crianças, adolescentes e jovens à vida cidadã e solidária.

O VOLUNTARIADO À DISTÂNCIA

A pandemia trouxe vários desafios à prática do voluntariado, sendo o principal deles o afastamento ou adaptação das atividades e ações presenciais.

“Por outro lado, todo mundo se reinventou, se reestruturou e trouxe a tecnologia como facilitador para que isso acontecesse”, lembra Silvia.

Essa, porém, não é a primeira vez que o voluntariado a por adaptações e formatos diferentes. Silvia diz que a prática é constantemente adequada às realidades das pessoas que querem fazer o bem.

“O que a gente percebe é que não são crises, não são situações emergenciais, não são conflitos que afastam as pessoas. Quem quer fazer o bem encontra uma forma de fazer”, diz Silvia.

Esse é o caso da Associação Viva e Deixe Viver que, desde 1997, atua com a arte de contar histórias para crianças e adolescentes em hospitais. Só no ano ado, foram 222 mil pessoas impactadas, incluindo crianças, adolescentes, familiares e profissionais da saúde.

O trabalho é realizado por mais de 1.300 voluntários que atuam nos 86 hospitais parceiros, presentes em 23 cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia e Pernambuco, além do Distrito Federal.

Com a pandemia, porém, o trabalho dos voluntários nos hospitais teve que ser adaptado para a internet. Foi quando a Viva criou várias ações de contação de histórias online.

Uma dessas ações é ‘A quarentena com a Viva’, em que os próprios voluntários disponibilizam histórias no site da Associação, além do ‘Viva Personas’, ação com personalidades que contam as histórias. Já participaram da iniciativa nomes como Antônio Fagundes, Claudia Raia, Giovanna Antonelli, Emicida e Zeca Baleiro.

“Isso é uma coisa que a gente acredita que veio para ficar ainda durante um tempo”, diz Luciana Bernardo, diretora executiva da Associação Viva e Deixe Viver.

Luciana durante uma ação, antes da pandemia | Foto: Divulgação/Associação Viva e Deixe Viver

Outra ação promovida pela Viva e que foi adaptada ao meio digital é a chamada ‘Domingueira de histórias’, que, antes da pandemia, era realizada em parques e contava com a presença de cerca de 30 pessoas por dia. Agora, realizada no Youtube, o alcance tem sido ainda maior.

“A gente sente falta do presencial, mas reconhece que as ações online têm uma amplitude muito maior de chegar às famílias”, ressalta Luciana.

A divulgação das datas e horários das ações de contação de histórias é feita pelo Instagram e pelo Facebook da Associação.

Luciana explica que para se juntar à Viva basta ter mais de 18 anos, boa vontade e intenção de fazer o trabalho voluntário. Em dezembro, serão abertas novas inscrições pelas redes sociais da organização para se unir à equipe.

“A Associação Viva e Deixe Viver tem o propósito de treinar pessoas que desejam fazer um voluntariado sério, sempre respeitando a consciência do que é ser voluntário, o comprometimento e a constância, a frequência de estar realizando um trabalho voluntário”, enfatiza a diretora executiva.

O TRABALHO NAS RUAS, MESMO DURANTE A PANDEMIA

Outras organizações, no entanto, precisaram manter o trabalho presencial ainda mais ativo durante a pandemia, como o Instituto GAS (Grupo de Atitude Social), que, desde 2016, ajuda pessoas em situação de rua e animais vulneráveis na Grande São Paulo, por meio da filial GAS Osasco.

No início da pandemia, o GAS suspendeu as atividades presenciais para não colocar em risco a vida da equipe e dos assistidos. Então, uniu-se a outras 45 organizações e encabeçou o movimento Na Rua Somos Um, com o objetivo de pressionar a Prefeitura de São Paulo para abrigar as pessoas em situação de rua em locais como hotéis, motéis e pensões durante o período de calamidade pública.

Porém, o poder público não retornou à demanda urgente e o GAS precisou voltar às ruas para atender a população. No primeiro momento, somente as equipes de coordenação retomaram os serviços e iniciaram a triagem para avaliar quais voluntários poderiam voltar à atuação presencial.

Outra ação emergencial promovida pelo Instituto GAS neste momento de urgência foi a ajuda oferecida às pessoas em situação de pobreza extrema, prestes a saírem de casa devido à vulnerabilidade.

“Foi quando a gente entrou com um pedido para a Prefeitura para oferecer 170 toneladas de cestas básicas para a gente poder entregar para essas famílias que estavam a ponto de ir para a rua. E a gente conseguiu”, conta Christian Braga, idealizador do Instituto GAS.

Equipe do Instituto GAS em ação presencial, antes da pandemia | Foto: Cadu Batista

As ações promovidas pelo GAS nas ruas são realizadas a cada duas semanas. A organização chega a atender 2 mil pessoas por noite em São Paulo e outras mil em cidades na Zona Oeste da região metropolitana – Osasco, Carapicuíba, Barueri, Itapevi e Jandira.

As doações consistem em alimentação, cobertores, água, itens de higiene, além de ração e outros produtos aos animais em situação de vulnerabilidade que também vivem nas ruas com seus donos. A organização se mobiliza, ainda, a ajudar aqueles que desejam se livrar dos vícios em álcool e drogas.

A captação de recursos é feita de várias maneiras, como pela loja virtual integrada, com produtos que são entregues nas ruas; pela loja física, presente em todas as ações do GAS; e pela Banda do GAS, formada pelos próprios voluntários. Em um dos shows realizados, o grupo conseguiu arrecadar R$ 8 mil reais. A renda é toda revertida ao Instituto.

“A gente acabou criando um grande mecanismo de arrecadação e, mais ainda, um instrumento de integração dos voluntários que até então a gente não tinha porque a gente só se encontrava para trabalhar”, explica Christian.

A organização também possui uma plataforma online de arrecadação e recebe, além disso, contribuições pontuais de empresas, pessoas físicas e demais grupos.

Também é possível se unir aos mais de 2 mil voluntários do Instituto GAS. Em setembro, as chamadas por voluntários – que estiveram pausadas durante a pandemia – serão reabertas e publicadas no Instagram da organização.

Christian afirma que o Instituto não sobreviveria sem o voluntariado. E que cada vez mais pessoas são bem-vindas para fazer o bem.

“Tem gosto para tudo. Tem quem entrega macarrão, tem quem entrega sopa, tem quem entrega lanche, tem quem faz música, tem quem ajude os velhinhos, tem quem ajude as crianças. Jeito para ajudar o próximo é o que não falta, é só você achar o seu, arregaçar as mangas, descruzar os braços e fazer o bem”, finaliza.


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