Cuidados paliativos

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“… necessitamos de uma educação que ensine a distinguir os problemas fundamentais e que nos prepare para encará-los…” (Reinventar a Educação. Edgar Morin e Carlos Delgado. Tradução de Irene Reis dos Santos. Ed. Palas Athena. P.45)

Que outro problema é mais fundamental na vida humana que o enfrentamento da morte, única certeza, ignorada até não poder mais?

Não se resolve a morte, mas precisamos aprender que ela existe e o fim da vida, constatado, não precisa ser tão duro e pode ser digno, cheio de amorosidade e solidariedade.

Mas, se a morte é, afinal, nossa única certeza, por que não declaramos nosso status, imediatamente, como em tratamento paliativo?

PALIATIVO: A OMS define que: “cuidados paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais”.

Quanto tempo amos ignorando sintomas psicológicos, tratando-os como coisa menor, como sinônimo de algo não real?

Já basta disso!

Podemos decidir hoje, agora, que estamos em tratamento paliativo e isso não tem a ver com morrer, tem a ver com como vamos viver até que este advento nos encontre.

Quando um paciente recebe a notícia de que não há mais o que fazer, não raro, percebe que há tanto o que ainda pode ser feito.

Então, hoje, agora, eu me declaro em estado de tratamento paliativo!

Vou me dar um banho de mar, um banho de sol se o mar estiver longe ou ainda um banho de chuva. Vou me dar um banho de gente boa, de risada. Tratarei de completar o dia de hoje ao lado de quem amo, entendendo que vim para ser eterna no coração de cada ser com quem tive o prazer de compartilhar desta breve jornada. Posso contar para os meus pais que eu os perdoo, eles fizeram o melhor que podiam com os conhecimentos que tinham. Posso contar a cada um de meus alunos que aquela nota baixa não os define!

Amor, cuidado, beijo, abraço, boa comida, noite bem dormida são remédios. Se não curam como um fármaco, aliviam o sofrimento. Identifiquei, não com a precocidade que eu esperava, que há muito a ser feito ainda.

Tanto faz o seu diagnóstico médico! Vamos colher o dia, viver com amor!

Sabedoria tem o cachorro, que vive sem outra expectativa que a própria vida, vive para aliviar nosso sofrimento e nos oferecer proteção.

Paliativo é proteção, vem de pallium, termo que nomeia o manto que os cavaleiros usavam para se proteger das tempestades pelos caminhos que percorriam. Tratamento paliativo é uma forma de cuidado, uma tentativa de amenizar a dor, o sofrimento. Não é sobre morrer, é sobre acolher, proteger quem parte e quem fica, até que todos aprendam até o último sopro de vida.

 

Referências e sugestões para avançar na temática:

MORIN, Edgar; DELGADO, Carlos Jesus. Reinventar a educação: abrir caminhos para a metamorfose da humanidade. Tradução de Irene Reis dos Santos. São Paulo: Editora Palas Athena, 2016.

Entrevista sobre Hospital do amor. Disponível em: <https://www.youtube.com/>. o em: 16/04/2019.

Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Disponível em: <https://paliativo.org.br>. o em: 16/04/2019.

Artigo sobre Cuidados Paliativos e dignidade no fim de vida. Disponível em: <https://www.sescsp.org.br/>. o em: 16/04/2019.

Vamos falar de cuidados paliativos? Disponível em:<https://sbgg.org.br/>. o em: 16/04/2019.

Artigo científico. Disponível em: < http://www.scielo.br/>. o em: 16/04/2019.

Programa Bem-Estar. Cuidados paliativos ajudam a deixar pacientes mais sociáveis: <https://globoplay.globo.com/>. o em: 16/04/2019.

Manual de cuidados Paliativos. Disponível em: <https://www.santacasasp.org.br>. o em: 16/04/2019.

Irene Reis dos Santos

É bacharel e licenciada em letras - Português e Espanhol pela FFLCH - USP, especialista em tradução, pesquisando, no mestrado em Ciências da Educação, sobre participação de estudantes na comunidade por meios de Grêmios. Atualmente, leciona espanhol no Instituto Cervantes, contribui com editoras e é diretora da CORE - Comunidade Reinventando a Educação (coreduc.org), entidade do terceiro setor que fomenta parcerias em prol da educação pública. Irene acredita que as vivências interculturais e a aprendizagem baseada em projetos de vida em comunidade são a chave para o complexo desenvolvimento da sociedade planetária.