Crise climática afeta a educação de populações ribeirinhas

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A Rede Mondó é uma organização que luta pela educação da população amazônica, promovendo campanhas que fortaleçam o vínculo dos estudantes, professores e instituições escolares em meio à crise climática na região. 

crise climática
Foto: Adobe Stock

Por Redação.

Atualmente, a população ribeirinha da Amazônia soma mais de 29,5 milhões de pessoas, cerca de 13,7% da sociedade brasileira. A crise climática vem afetando a Amazônia em grandes proporções, o que impacta diretamente as comunidades da região e a qualidade de vida da população. A seca que atingiu o estado do Amazonas no segundo semestre de 2023 bateu o recorde de nível mais baixo do rio já registrado, marcando 13,59 metros.

As comunidades ribeirinhas já sofrem diversas violações e privações de direitos e, diante do atual cenário ambiental, isso vem se acentuando. O Observatório do Terceiro Setor conversou com Carolina Maciel, Diretora Executiva da Rede Mondó.

A Rede Mondó é uma organização que atua para fortalecer as pessoas e impulsionar a melhoria da educação na região Amazônica. Seu intuito é promover uma transformação social, econômica, ambiental e cultural das comunidades ribeirinhas no Arquipélago do Marajó, no Pará. O projeto, idealizado em 2020 pela Associação Nacional das Universidades Particulares (ANUP), já realizou mais de 40 ações e impactou indiretamente a vida de mais de 60 mil pessoas.

As mudanças climáticas vem afetando diversas esferas da vida da população ribeirinha amazônica, dentre elas, a educação. Por conta da seca avassaladora na região, muitos estudantes tiveram que caminhar por longos percursos para poder ir à escola. Além da falta de infraestrutura para garantir o à educação na região, de acordo com a diretora executiva da Rede Mondó, existem lugares da Amazônia Legal onde o calendário escolar foi alterado ou interrompido por conta da situação da região.

“Na cidade de Breves, município que é o projeto-piloto da Rede Mondó, há algumas localidades, como a região da Reserva Extrativista Mapuá, por exemplo, onde estudantes não estão conseguindo mais ar a escola pelos rios via transporte fluvial. Com isso, eles são obrigados a caminhar pelos leitos dos rios, muitas vezes por horas, enfrentando todos os riscos possíveis para poder participar das atividades escolares, assim como também ter o aos serviços de saúde.”

Para além da educação, a crise climática afeta a nutrição da população das regiões impactadas. Segundo Carolina Maciel, a insegurança alimentar aumentou significativamente em razão das mudanças do clima, uma vez que os rios tiveram uma queda do nível de água e o volume da pesca diminui. A pesca é uma atividade de extrema relevância para a subsistência do povo ribeirinho, afetando a alimentação e a economia da comunidade. A falta de chuva também vem afetando as plantações e as roças, prejudicando ainda mais a nutrição da população.

Diante desse cenário, a missão da Rede Mondó é fortalecer as escolas e a comunidade escolar – alunos, famílias e professores –, com ações que impactam além da melhoria educacional. “Trabalhamos para que a escola atue e seja referência na comunidade, em prol do desenvolvimento social, econômico, ambiental e cultural das comunidades vulneráveis da Amazônia”, relata a diretora executiva da Rede Mondó.

A atuação da organização se iniciou em 2021, quando as atividades de fortalecimento da gestão escolar a partir da implantação do Sistema de Gestão Integrado-SGI em parceria com a Fundação Pitágoras, se concretizaram.  Já no ano de 2022, a Rede Mondó ou a fortalecer o vínculo entre os atores locais e o território. “Desenvolvemos os modelos de gestão e seus instrumentos de implantação para fortalecimento da governança do trabalho; implementamos parte das ações que foram priorizadas entre as 20 ações do planejamento estratégico e amadurecemos a estratégia de captação de recursos”, relata Carolina. 

A maior atividade realizada pela Rede Mondó é o projeto “Jornada Para o Amanhã”, que terá sua segunda edição realizada em 2023. No ano ado, a iniciativa envolveu diversas atividades como gincanas, desafios, feiras de profissões, competições e outras atividades lúdicas, todas voltadas para a promoção da integração e fortalecimento dos vínculos entre os principais atores da comunidade escolar: estudantes, professores, gestores e profissionais de apoio das unidades de ensino, pais, familiares e comunidade ao qual a escola está inserida. 

A campanha Jornada Para o Amanhã promove uma “competição” entre  as escolas públicas do município de Breves, no Pará. O valor destinado às escolas finalistas da gincana são R$10 mil para o primeiro lugar geral, R$6 mil para o segundo e R$4 mil para o terceiro. “Não há ree de recursos diretamente: a escola nos aponta onde pretende aplicar o valor do prêmio e nós fazemos a ponte com os fornecedores”, diz a diretora da Rede.

“Trabalhamos com soluções sociais inovadoras e colaborativas para o desenvolvimento de territórios vulneráveis da Amazônia através da comunidade escolar. Acreditamos que é possível desenhar um futuro no qual a escola é o caminho para a transformação. Para isto, desenvolvemos projetos, ações e iniciativas divididas em quatro dimensões: Educação, Saúde, Desenvolvimento Econômico e Infraestrutura (moradia, energia e água), sempre apoiados na sustentabilidade a longo prazo, com impacto multidimensional e focado, sobretudo, no enfrentamento à pobreza.”

A atuação da Rede Mondó está diretamente relacionada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) previstos pela Agenda ONU 2030, principalmente o ODS 4, que diz respeito à educação de qualidade. 

 


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