O que movimentou a economia no Brasil e nos EUA em maio de 2021

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No Brasil, crescimento acima do esperado e normatização da taxa de juro; nos EUA, vacinação avançada e inflação alta

Imagem: Shutterstock

Por Jordanno Santos

Em maio de 2021, apesar da I da COVID-19 estar a todo vapor, o cenário político foi morno, sem grandes surpresas de ambos os lados. E isto, por si só, já contribuiu para o bem dos ativos, que refletiram mais os fundamentos econômicos e menos os ruídos políticos.

A prévia do crescimento do Brasil, medida pelo IBC-Br divulgado em meados do mês, foi melhor que o esperado, trazendo otimismo ao mercado financeiro com a economia brasileira –o otimismo foi confirmado com a divulgação do PIB oficial em 01/06.

O mercado financeiro revisou as projeções de crescimento da economia brasileira para este ano, agora, esperam expansão de 4,36% do PIB, ante 3,21% da projeção anterior.

Paralelamente, o nosso Banco Central, decidiu mais uma vez aumentar a taxa básica de juros, a taxa SELIC, para 3,50%, novamente, o BC deixou claro que irá aumentar mais vezes ainda este ano, com o mercado esperando que a SELIC encerre o ano em 5,75%.

No nosso caso, a alta de juro traz um efeito positivo para os ativos, pois se trata de uma normalização do juro ao nível de risco do país, contribuindo para o controle da inflação corrente.

Na contramão dos fundamentos positivos, a taxa de desemprego do país atingiu 14,7% no trimestre encerrado em março – número divulgado em maio de 2021.

O mercado de trabalho segue fraco por conta das quarentenas que vigoraram neste período no país, enquanto, o crescimento da economia foi puxado pela agropecuária, segmento que gera pouca oferta de trabalho.

Nos EUA, a inflação para os consumidores avançou para 4,2% em 12 meses, bem acima das expectativas, que esperavam algo em torno de 3,6%. O número se encontra elevado principalmente por conta dos preços das commodities, em especial, o petróleo, que também afetou a inflação brasileira.

Atualmente, a inflação americana é a principal variável que os investidores no mundo inteiro estão acompanhando. O Federal Reserve(FED), o banco central dos EUA, está convicto que esta é uma inflação de curto prazo, ou seja, ageira, e que não há necessidade de alta de juro para controlar os preços.

Por outro lado, parte do mercado acredita que o FED esteja errado, e que em breve, a inflação irá aumentar mais que o esperado, forçando uma forte alta de juro, o que seria prejudicial para os ativos.

Pelo lado do FED, o principal argumento para uma inflação ageira é o fato das commodities, em especial o petróleo, não pressionar mais a inflação, pois já atingiu um patamar bem elevado, e mais, o mercado de trabalho americano está distorcido no curto prazo.

Por conta dos auxílios emergenciais que estão em vigor por lá, muitas pessoas não estão querendo trabalhar, mesmo com a vacinação bem avançada, o que pressiona os salários para cima, com o fim próximo destes estímulos, a tendência é de suavização na inflação.

Neste contexto, no mês, os títulos públicos indexados à inflação (NTN-B ou Tesouro IPCA) apresentaram retorno de 1,06%, os títulos públicos prefixados (LTN, NTN-F ou Tesouro Prefixado) apresentaram retorno de 0,20%.

Os títulos públicos pós-fixados (LFT ou Tesouro SELIC) apresentaram retorno de 0,35%, acima do ativo livre de risco, representado pelo CDI, que avançou 0,27%.

O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, apresentou alta de 6,16%, enquanto S&P500 e MSCI World, principais índices acionários globais, apresentaram alta de 0,55% e 1,26% respectivamente.

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Sobre o autor:

Jordanno Brunno Nicoletta dos Santos é graduado em Ciências Atuariais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade de São Paulo (USP). É sócio diretor na i9Advisory Consultoria, uma consultoria de investimentos independente.

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