Conexão humana e social impulsiona a diversidade no setor de TI

Direitos Humanos
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Imagem Adobe Stock

 

Por Ana Letícia Lucca

A diversidade é a multiplicidade das coisas, a existência de seres ou entidades não idênticas e não semelhantes. Socialmente, significa a presença e participação ativa de grupos historicamente oprimidos e minorizados, como mulheres, pessoas não-brancas, LGBTQIA+ e pessoas com deficiência, por exemplo, na tomada de decisões em prol de uma comunidade. Porém, no ambiente corporativo, especialmente no setor de Tecnologia da Informação, esse conceito enfrenta desafios para aparecer. Apesar dos avanços, o mercado ainda é majoritariamente masculino, branco e tem profissionais concentrados no Sudeste. Além de investirmos em políticas corporativas e ações externas para a melhoria deste cenário, não podemos esquecer da força das conexões humanas e redes de apoio para impulsionar a diversidade nas empresas.

De acordo com o Relatório de Diversidade da Brasscom do primeiro semestre de 2024, 61% dos profissionais em TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) são homens, sendo que o salário médio para eles fica em R$4.106, enquanto o das mulheres chega apenas a R$2.995. Isso significa que os homens ganham, em média, 37,1% a mais que as mulheres, diferença explicada pela maior concentração de homens nos níveis mais altos da hierarquia, segundo a pesquisa. Além disso, no mercado de Tecnologia, 51% das pessoas são brancas, enquanto pouco mais de 31% são negras. Outras etnias representam apenas 1,2% do mercado. Do total dos profissionais de TIC, 57,9% estão concentrados no Sudeste.

A partir destas circunstâncias, criar relacionamentos com quem que já atua na área e estabelecer contatos com novas pessoas podem ser fatores decisivos para conseguir uma oportunidade ou crescimento de carreira, ainda mais se a intenção é estabelecer um futuro promissor em Tecnologia. Ingressar em projetos sociais na área que sejam voltados para a inserção de públicos específicos no setor é uma alternativa para ter sucesso. Na Escola da Nuvem, priorizamos a formação de mulheres, pessoas negras, LGBTQIA+ e pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica em Computação em Nuvem para iniciarem
carreiras em vagas de estágio ou juniores. Além de garantir a certificação de competência, também fazemos acompanhamento após a empregabilidade desses indivíduos, para garantir que eles realmente conseguiram se inserir na cultura da empresa.

Quem a por esse processo na Escola da Nuvem encontra uma rede grande e acolhedora de voluntários e instrutores prontos para compartilhar as melhores dicas e estratégias deste mercado. Mais do que apenas ensinar, forma-se uma grande rede de aprendizado mútuo em que todos compartilham as próprias histórias e aprendizados. Além das habilidades técnicas, os formandos também têm aulas sobre as habilidades comportamentais essenciais exigidas pelo mercado de trabalho. E, algo que mostramos para eles frequentemente é: um mercado
diverso traz a inovação para o mercado de Tecnologia. Equipes diversas são mais produtivas e criativas, impulsionando novos resultados.

De acordo com um estudo da McKinsey, empresas que possuem diversidade de gênero nas equipes executivas estão 21% mais propensas a ter lucratividade. Quando falamos de diversidade étnica e cultural, este número sobe para 33%. Quando a diversidade faz parte da cultura organizacional da empresa, ela está também ligada às equipes. Um time formado por funcionários não homogêneos propicia a troca de vivências diferentes, fazendo com que o ambiente se torne rico em ideias e respeitoso entre todos.

E, em tudo isso, estão as conexões humanas. Por mais que estejamos avançando cada vez mais com o universo tecnológico, a inteligência artificial e os códigos, quem se destaca no mercado de trabalho é a pessoa capaz de construir pontes e estreitar convivências de forma cordial. É preciso estar em movimento o tempo todo e se colocar para ser visto. E é possível fazer isso não só por meio de cursos, mas também em eventos, encontros sobre assuntos de interesse e até dentro da própria família.

 

*A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião do Observatório do Terceiro Setor

 

Sobre a autora: Ana Letícia Lucca é CRO da Escola da Nuvem. Também é Especialista em Gestão Estratégica de Carreira e possui certificação internacional em Coach pela Lambent.

 

 


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