Comunidade LGBT+: Brasil tem uma morte violenta a cada 34 horas

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Dados analisados pelo Grupo Gay da Bahia apontam que, somente em 2022, mais de 250 pessoas da comunidade LGBT+ morreram de forma violenta no país

Foto: Adobe Stock

Por Ana Clara Godoi

O Brasil é o país onde pessoas da comunidade LGBT+ são mais assassinadas no mundo; a cada 34 horas é registrada uma morte. Somente em 2022, foram contabilizados 242 homicídios e 14 suicídios entre o grupo. Os dados foram analisados e divulgados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB).

Registros do GGB apontam que, entre 1963 e 2022, 6.977 pessoas da comunidade LGBT+ foram mortas de forma violenta no país. O estado com mais casos é o Nordeste, seguido do Sudeste e, respetivamente, Norte, Centro-Oeste e Sul. Entre as vítimas, os gays compõem 52% das mortes violentas. Em segundo lugar ficam as travestis e transexuais, com 42%.

A idade das vítimas é predominante entre 18 e 29 anos de idade. Pessoas travestis, transexuais e transgênero são assassinadas antes de completar 40 anos; 83% delas morreram entre os 15 e 39 anos. Para o Prof. Luiz Mott, fundador do GGB e iniciador dos relatórios de mortes violentas dos LGBT+, “é absolutamente inconcebível nossa sociedade civilizada conviver com 12 casos de apedrejamento e esquartejamento de gays e travestis. Nem nos países islâmicos e africanos mais homofóbicos do mundo, onde persiste a pena de morte contra tal segmento, ocorre tanta barbárie!”.

O presidente da Aliança Nacional LGBT, Dr. Toni Reis, apresentou cinco propostas a curto prazo para a erradicação das mortes violentas LGBT+ no Brasil. Entre elas estão a educação sexual e de gênero em todos os níveis escolares; a aplicação exemplar de dispositivos legais de criminalização do racismo homotransfóbico; políticas públicas que garantam a cidadania plena desse grupo; e incentivo para que as vítimas denunciem sempre todo tipo de discriminação.

Fundado em 1980, o Grupo Gay da Bahia é a mais antiga associação de defesa dos direitos humanos de LGBT+ no Brasil. Atualmente, o GGB funciona como uma organização que oferece espaço e apoio a outras entidades da sociedade civil que trabalham com a comunidade LGBT+, especialmente no combate à homofobia e na prevenção do HIV/aids. As ações da organização contribuem para o alcance do ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) 10, meta da Agenda 2030 da ONU que visa a redução das desigualdades.


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