Como o investimento social privado está transformando a responsabilidade empresarial?

Empresas do Bem
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Imagem: Adobe Stock

 

Por Daniel Grynberg

 

A forma como as empresas se relacionam com a sociedade ou por uma transformação significativa nas últimas décadas, se antes o compromisso social era visto como um diferencial, hoje ele se tornou uma necessidade estratégica. O Investimento social privado (ISP) surge como um caminho para que empresas e fundações contribuam de maneira efetiva para o desenvolvimento social e ambiental, indo além de ações pontuais e promovendo mudanças estruturais de longo prazo.

De acordo com um relatório da CE (Chief Executives for Corporate Purpose), o ISP movimentou mais de US$ 32 bilhões globalmente em 2023, mostrando que investir em causas sociais não é apenas um gesto de generosidade, mas um fator que fortalece reputações e gera valor compartilhado.

No Brasil, onde os desafios socioeconômicos são inúmeros, o ISP tem um papel ainda mais importante na educação, inclusão produtiva, saúde e preservação ambiental. Empresas que adotam essa estratégia impulsionam mudanças significativas em suas áreas de atuação e ganham relevância e perenidade no mercado, afinal, um negócio que cresce junto com a sociedade cria raízes mais fortes e sustentáveis. Mas como estruturar investimentos sociais de forma eficiente? Como garantir que esses recursos sejam aplicados de maneira estratégica e com impacto real?

Muitas vezes, o ISP é confundido com doações pontuais ou realizadas em datas específicas, sem foco nas transformações estruturais de longo prazo. Embora essas iniciativas possam gerar impactos imediatos, elas não garantem a continuidade necessária para promover mudanças sustentáveis. O ISP, por sua vez, é focado em ações contínuas, com o objetivo de gerar mudanças estruturais duradouras.

Para que esse impacto seja de fato consolidado, as empresas precisam adotar modelos financeiros que garantam a perenidade das ações, um exemplo concreto são os fundos filantrópicos atrelados à receita, nos quais uma parte do faturamento é destinada regularmente a projetos sociais. Esse modelo cria um fluxo de recursos previsível, permitindo que as organizações beneficiadas planejem suas ações com mais segurança e impacto.

Imagine viver em uma região isolada, onde o o à internet é um privilégio distante e as oportunidades de aprendizado e trabalho são limitadas pela falta de conectividade. Essa é a realidade de muitas comunidades na Amazônia – e é justamente esse cenário que o Grupo + Unidos está transformando.

O grupo está transformando essa realidade ao levar internet, equipamentos e capacitação digital para comunidades no extremo oeste do Pará. O impacto vai além da tecnologia: mais de 2.000 pessoas agora têm o ao mundo digital, abrindo portas para educação a distância, qualificação profissional e novas oportunidades econômicas. Computadores e cursos são oferecidos, trazendo mudanças concretas no dia a dia dessas populações. Segundo uma pesquisa de impacto realizada em julho de 2024 com participantes com mais de seis meses no programa, 45% declararam aumento na renda desde que aram a integrar a iniciativa.

Embora o investimento social privado no Brasil tenha avançado, ele ainda enfrenta desafios, como a falta de incentivos fiscais e uma cultura de doação pouco consolidada. Além disso, a captação de recursos internacionais exige maior transparência e profissionalização das organizações. A solução? Integrar o ISP à estratégia de negócios, garantindo que as ações sociais sejam sustentáveis e tenham impacto real no longo prazo.

Mais do que um ato de generosidade, o ISP é uma estratégia inteligente para empresas que buscam relevância no mercado e desejam gerar um impacto positivo, alinhando interesses comerciais a uma atuação responsável e sustentável, em um contexto de consumidores cada vez mais exigentes.

 

*A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião do Observatório do Terceiro Setor

 

Sobre o autor: Daniel Grynberg é diretor executivo do Grupo +Unidos

 


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