Como educar uma juventude hiper conectada?

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Foto: Adobe Stock

Por Wandreza Bayona

Uma fonte inesgotável de informações, a tecnologia está a cada dia mais presente em nossa vida cotidiana, sobretudo dos jovens, que já nasceram praticamente na era digital e mal sabem como vivíamos antes do o constante às telas. De acordo com dados de 2018, do IBGE, os adolescentes lideram o ranking no uso de celulares e internet. Porém, a hiper conectividade em uma idade tão precoce, em que o cérebro ainda está em desenvolvimento, pode ser mais perigoso do que se imagina.

Conectados, conseguimos ter o a notícias do mundo todo e ainda otimizar a rotina, realizando atividades diárias apenas com um clique: fazer compras, pagar contas, ar em consultas médicas, fazer reuniões, participar de entrevistas de emprego, entre outras coisas. Além disso, através da internet é possível ter entretenimento a todo tempo, principalmente os mais jovens que além de realizar pesquisas e participar de aulas online, costumam também se conectar com frequência para jogar, assistir filmes e séries, conversar com os amigos e ouvir músicas.

Como tudo em excesso é perigoso, a cada dia mais os riscos da hiper conectividade tem vindo à tona, evidenciando prejuízos físicos e intelectuais no desenvolvimento de crianças e jovens. Quando falamos especificamente de jovens talentos, os efeitos adversos da hiper conectividade podem trazer ainda mais reflexos negativos, afetando até mesmo em seu desenvolvimento pessoal e profissional. De acordo com especialistas, o cérebro toma forma conforme o tempo e, antes da faixa de 25 anos, esse processo de maturação ainda não está completamente feito. Com o estímulo constante das telas e a gama de informações disponíveis ao alcance de um clique, essa fase pode ser comprometida prejudicando a capacidade de concentração, por exemplo. Por si só, esse dado já explica uma juventude cada vez mais “desligada” do mundo real e “desatenciosa” com si mesma e com os outros.

Quando somamos esse fator, a uma juventude que ainda não tem autoconhecimento e domínio de seus talentos, a necessidade de adquirir conhecimento e desenvolver suas softs skills se torna ainda mais urgente, pois eles precisam enxergar que nem todas as soluções estão dentro do seu smartphone. A resiliência, o senso de responsabilidade e liderança, trabalho em equipe, saber organizar-se e delegar, são questões que só podem ser aprendidas e aprimoradas aqui, no mundo real. Esse é um dos grandes desafios em educar e preparar a juventude nos tempos atuais.

Outro fator crucial a considerar é a autoestima dos jovens em uma sociedade hiper conectada, na qual frequentemente nos comparamos com a vida que é retratada nas redes sociais. A constante comparação das vidas dos jovens com as de outras pessoas pode ter um impacto negativo na autoestima, levando a sentimentos de inadequação, ansiedade, e até mesmo depressão. O processo das doenças da mente e a necessidade do desenvolvimento da auto estima precisam ser reforçados para apoiar o momento atual.

Para isso, cabe a todos nós, educadores, pais, instituições e empresas, nos organizarmos de maneira que possamos oferecer a eles uma metodologia que os prepare para a vida de verdade, promovendo o seu autoconhecimento, descoberta de seus talentos e amadurecendo-os para encarar os desafios da vida adulta da melhor maneira possível, livres de comparações com pessoas que possuem realidades distintas e com desejo de conquistar os seus objetivos e sonhos para ser mais em tudo que desejarem e não somente para atender aos requisitos sociais pré estabelecidos.

Mas também precisamos ter em mente que quando se trata de educar, as ferramentas chegam sempre para somar e não dividir. Por isso, é de extrema importância unir o desenvolvimento e características comportamentais com as técnicas, ampliando e fortalecendo o seu conhecimento em ferramentas tecnológicas que os permitirão alçar voos educacionais e profissionais ainda mais altos. Mostrando a eles que a tecnologia pode fazer e os levar muito mais longe, e que o tempo dedicado às telas, pode proporcionar muito mais que os prazeres imediatos que consumo exacerbado das redes sociais e jogos oferece.

Também precisamos nos lembrar de aprender com eles, pois ao contrário das outras gerações que precisaram se adaptar a este novo mundo, eles já “nasceram” sabendo e possuem uma facilidade ímpar neste quesito. É preciso deixar o discurso da “minha geração foi a última que deu certo” e lembrar a nós mesmos e a eles o que a nova geração tem de bom a oferecer ao mundo. Não precisamos de um conflito geracional ou uma competição por quem sabe mais, a palavra de ordem rumo a uma juventude mais bem preparada e feliz é a união e a troca de experiências e conhecimento.

Somando forças, promovendo conhecimento e aprendendo juntos, desenvolvendo os softs e hard skills, podemos e estaremos mais perto de ter uma juventude integralmente capacitada e conectada, mas de uma maneira saudável e benéfica para si mesma e para toda a sociedade.

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A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião do Observatório do Terceiro Setor.

*Wandreza Bayona é diretora executiva do Instituto Ser+, que desde 2014 atua na criação e desenvolvimento de oportunidades para a juventude, formada em Serviço Social pelo Centro Universitário FMU, com especialização em responsabilidade social corporativa e terceiro setor pela universidade FIA (Fundação Instituto de istração) e LDR pela Saint Paul. Possui mais de 20 anos de experiência na área de Responsabilidade Social Corporativa, com foco em desenvolvimento e implantação de programas de RSC.


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