Comissão Arns é criada para defender os direitos humanos no Brasil

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O lançamento da iniciativa ocorreu no dia 20 de fevereiro, em São Paulo

Foto: Anistia Internacional

Por Isabela Alves

Diante das graves violações de direitos humanos e o crescimento dos discursos de ódio no Brasil, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos ‘Dom Paulo Evaristo Arns’ foi lançada nesta quarta-feira (20), na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

A inspiração para o nome veio do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns. O Arcebispo Emérito de São Paulo se destacou pela sua luta política contra as torturas praticadas pela ditadura militar. Ele também criou, em 1972, a Comissão Justiça e Paz de São Paulo, órgão que dava proteção aos perseguidos e familiares por meio da esfera jurídica.

A iniciativa pretende dar visibilidade aos casos de violações de direitos humanos que envolvem morte ou tortura, realizar denúncias públicas e encaminhá-las ao Judiciário e organismos internacionais. O grupo, que possui 20 membros que atuam de maneira voluntária, reúne ativistas, advogados, cientistas políticos, filósofos e jornalistas.

Além disso, o site da ação disponibiliza documentos originais, materiais e artigos sobre direitos humanos, e uma lista de instituições que atuam realizando denúncias, ou que oferecem apoio psicológico e jurídico.

Luiz Carlos Bresser-Pereira, ex-ministro da Fazenda de José Sarney, ex-secretário de governo de Franco Montoro e ex-ministro da istração Federal e Reforma do Estado de Fernando Henrique Cardoso, é um dos integrantes da comissão e explica que, por ser uma iniciativa recente, a comissão ainda não tem condições de acompanhar todos os casos de violações que vêm ocorrendo.

(Da esquerda para a direita) A jornalista Laura Greenhalgh, o ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira e a cientista política Maria Hermínia Tavares de Almeida. Foto: Isabela Alves

“A ideia é se debruçar sobre um caso e realizar a crítica. Não vamos resolver problemas específicos de cidadãos. Os direitos civis são os mais básicos e antigos e são esses que vêm sendo atacados se analisarmos estruturalmente”, afirma.

O grupo foi formado dois meses após a eleição do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Neste contexto, a jornalista Laura Greenhalgh deixa claro que a comissão é apartidária, mas que se certificará que nenhum direito humano seja revogado. “Não somos um grupo antibolsonaro. Os direitos humanos vão muito além dessa conjuntura política e nós vamos nos fundamentar na defesa dos direitos civis e políticos. Os dados e as notícias sobre as violações no Brasil são alarmantes e a situação sempre tende a piorar”, diz.

Segundo ela, a liberdade e o respeito à diversidade são os direitos mais em risco no momento, por isso é importante atuar na defesa das populações discriminadas, como os jovens negros, mulheres, quilombolas, indígenas, LGBTs e comunidades urbanas ou rurais que vivem em situação de extrema pobreza.

A Comissão Arns será presidida pelo ex-ministro e cientista político Paulo Sérgio Pinheiro, pela sua reconhecida atuação no campo dos direitos humanos no Brasil e internacionalmente. Para conhecer a iniciativa, e: https://comissaoarns.org/.


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