Bullying no cenário da infância brasileira – pobreza emocional

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A história humana inscreve-se na grande narrativa da hominização, que se inscreve na grande narrativa da vida, que se inscreve na gigantesca narrativa do universo. A história do universo está contida em todos nós e prosseguimos com ela em uma nova escala de realidade. A história do universo também é tão shakespeariana quanto a história humana, como um conto narrado por um idiota, cheia de tumulto e fúria, nada significando. (Morin, 2015, pp.154, 155).

 

Era uma vez uma sementinha muito esperta, vencedora de uma corrida com mais de 300 milhões de concorrentes, que chegou bem quando um terreno fértil estava prontinho para que ela fosse fecundada e existisse.

Já pensou no milagre que é a vida humana?

“Sério mesmo que esta era a sementinha mais esperta”? Aposto como esta frase já foi sua! Mas, é isso mesmo! Daquele conjunto todo que estava na largada, era a melhor, venceu! Mas, daí vêm os nove meses, as dificuldades da chegada à luz, as condições dos responsáveis cuidadores, a necessidade de um entorno adequado para o desenvolvimento físico, mental, emocional.

Está pensando na quantidade de variáveis?

Este ser humano é dependente e vulnerável, diferentemente de outros animais. Qualquer alteração ameaça sua vida. Sempre foi assim, mas agora estamos refletindo mais sobre uma variável: há sementinhas que crescem tão certas de que são vencedoras e de que são as melhores que se colocam no direito de inferiorizar outras.

Nas escolas, conversando com jovens sobre qualquer outro assunto, o que emerge de suas narrativas são os casos de intimidações intencionais, repetidas, acompanhadas de violência física, verbal ou psicológica, praticada por uma ou mais pessoas.

Isso não é mimimi.

Há que se acolher o agredido e o agressor, ouvir todos os envolvidos, para que aprendamos a cuidar das relações, cuidar de toda sementinha com amorosidade. A infância não pode ser cenário para violências, evasão escolar, suicídios e homicídios e menos ainda tendo o bullying como causa. Não se trata de criminalizar, mas de acolher e educar preventivamente.

Desafio: num país que tem metade de sua população infantil em situação de pobreza e nem sequer entende o que é isso, ainda precisamos avançar para a compreensão das pobrezas emocionais.

Referências e sugestões para avançar na temática:

MORIN, Edgar. Ensinar a viver: um manifesto para mudar a educação. Tradução de Edgard de Assis de Carvalho e Mariza Perassi Bosco. Porto Alegre: Sulina, 2015.

Relatório da fundação Abrinq: Cenário da Infância e da Adolescência no Brasil – 2019 https://observatorio3setor-br.diariodomt.com/

Vídeo de Maitê Gauto – Sobre indicadores da infância e adolescência https://www.youtube.com/

Vídeo com caso prático de leitura do cenário da infância e juventude, detecção do Bullying e solução realizada por jovens https://globoplay.globo.com/

Roda de conversa com Dr. Hugo Monteiro Ferreira sobre Violência Escolar no cenário da infância brasileira https://globoplay.globo.com/

Cartilha sobre bullying publicada pelo senado http://www.ufrpe.br/

Artigo científico sobre infância, violência na escola, diálogos e contextos http://www.journals.ufrpe.br/

Core Jovem – Associação que se propõe a abrir espaços de participação para o jovem na comunidade, a partir de uma metodologia em que ele aprende a fazer a leitura de seu território, buscar soluções e formar multiplicadores https://www.coreduc.org/

Irene Reis dos Santos

É bacharel e licenciada em letras - Português e Espanhol pela FFLCH - USP, especialista em tradução, pesquisando, no mestrado em Ciências da Educação, sobre participação de estudantes na comunidade por meios de Grêmios. Atualmente, leciona espanhol no Instituto Cervantes, contribui com editoras e é diretora da CORE - Comunidade Reinventando a Educação (coreduc.org), entidade do terceiro setor que fomenta parcerias em prol da educação pública. Irene acredita que as vivências interculturais e a aprendizagem baseada em projetos de vida em comunidade são a chave para o complexo desenvolvimento da sociedade planetária.

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