Brasil tinha campo de concentração na Amazônia para famílias japonesas

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Após cortar relações com os países do Eixo, durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil criou campos de concentração para imigrantes desses países. Estima-se que cerca de 480 famílias de japoneses, 32 de alemães e alguns italianos tenham sido confinados em um desses campos, na Amazônia

Crédito da imagem: Biblioteca Pública Arthur Vianna

Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil rompeu relações com os países do Eixo. Com isso, todos os imigrantes que viviam ou chegavam ao Brasil tendo como origem países inimigos de guerra eram vistos com desconfiança. Em pouco tempo, alemães, italianos e japoneses aram a ser perseguidos pelo governo, suspeitos de serem espiões.

O governo brasileiro decidiu então criar campos de concentração para internar os imigrantes de países inimigos. Como a comunidade japonesa do interior paraense era rodeada pela floresta Amazônica e ível somente por via fluvial, o local se mostrou ideal para sediar um desses campos. No campo de concentração da Amazônia, centenas de famílias vindas do Japão foram aprisionadas.

Esse campo de concentração ficava onde atualmente se situa o município de Tomé-Açu, à beira do rio Acará, a 200 km de Belém, no Pará. A comunidade japonesa chegou à região em 1929, por meio da Companhia Nipônica de Plantação (Nantaku). Antes da Segunda Guerra, os imigrantes viviam basicamente do cultivo de hortaliças e arroz.

As cerca de 49 famílias de japoneses que já viviam na região foram considerados “prisioneiros de guerra”. Além delas, outras famílias de imigrantes que viviam no Pará e até no Amazonas foram levadas para lá. Estima-se que cerca de 480 famílias de japoneses, 32 de alemães, além de alguns italianos ficaram em confinamento no local. Boa parte dessas pessoas veio de Belém.

A colônia de imigrantes ficava isolada dentro do perímetro do campo de concentração de Tomé-Açu. As casas, o hospital e outras construções comunitárias eram subordinadas ao poder do Estado. Muitos dos imigrantes não eram obrigados a ficar reclusos em celas, porém também não tinham onde se alojar ou se alimentar. A vigilância e a segurança ficavam sob a responsabilidade de um destacamento militar.

Como o governo havia decretado o confisco de bens dos imigrantes, as autoridades brasileiras apreenderam livros, aparelhos de rádio, armas e embarcações dos prisioneiros. A comunicação deles com o mundo exterior era proibida. As pessoas presas no campo também não podiam se reunir. Vigilantes reprimiam grupos de mais de três japoneses que ousassem se agrupar.

O campo de concentração de Tomé-Açu foi mantido até 1945. Com o fim da guerra, esse e outros locais semelhantes que funcionavam pelo Brasil foram extintos. Os ex-prisioneiros foram libertados e muitos deles tiveram que recomeçar a vida a partir do zero. A região só se recuperou economicamente após o conflito, quando, impulsionada pelos imigrantes japoneses, chegou a se tornar a maior produtora mundial de pimenta-do-reino.

Fonte: BBC News Brasil