Brasil: os dois vírus mortais
Estamos no fundo do poço. Acho que inclusive já amos dele. O buraco é profundo demais. Falo não só da pandemia que assola o mundo todo, mas também da dupla tragédia que estamos ando no Brasil.
Estamos diante de um cenário de colapso da saúde pública, em que o “dirigente” mais importante da nação corta verbas em todas as políticas públicas, nega a ciência, nega a vida, debocha da dor de inúmeras famílias (mais de 210 mil mortos), entre outras crueldades.
Entretanto, mesmo diante de todo este cenário de dor e sofrimento que milhares de brasileiros estão ando, ainda temos que assistir uma parte da população defendendo o “grande mito” como um Deus que tudo faz pela nação. O bom soldado, que não tem medo de nada, afinal é “só uma gripezinha”. Ah! “Não espalhe medo, espalhe fé e esperança”.
Gripezinha para quem? Fé e esperança? Tratamento precoce evita a covid?
É duro ter que enfrentar dois vírus mortais ao mesmo tempo, pelo menos para mim e uma parte da população de “loucos comunistas”. A outra parte da população vive no “planeta colorido das balas de jujuba” (eu até gostava, mas eu só tinha 5 anos).
Sabe aquela coisa que gruda nos dentes e não sai de jeito nenhum? Aquele cheiro de doce horroroso, a língua toda colorida… Sim, meus amigos… é assim o vírus do negacionismo, da alienação, da cegueira, da crueldade, do orgulho, do individualismo…
Escrevo esse pequeno texto com sentimentos diversos, tudo misturado; dor no coração e na alma, pena, compaixão, revolta, raiva…
Hoje, refletindo às três horas da manhã, pensei… esse vírus, covid, é mortal. O segundo vírus, do negacionismo, também é mortal. Mortes de corpo, de alma… nada sobra, nada fica, tudo morre. O que fizeram? Misturaram os dois vírus de uma só vez. É duro demais.
Choro? Muito! Porque ainda sonho com o planeta verde, das águas e do cheiro da Amazônia. Precisamos urgente sentir a vida que jorra da alegria, de uma grande comunidade, única.
Se alguém acha que isso é utopia ou poesia, que se dane!
Detesto jujubas! Que sejam exterminadas!
*A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião do Observatório do Terceiro Setor.