Bibli-ASPA transforma vidas com educação e cultura para imigrantes em São Paulo

Direitos Humanos
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Com mais de 20 anos de atuação, instituição acolhe semanalmente mais de 500 pessoas de 22 nacionalidades, promovendo inclusão por meio de aulas de português, formação profissional e atividades culturais.

Bibli-ASPA promove inclusão de imigrantes com aulas de português, formação profissional e cultura
Imagem: Canva

A Bibli-ASPA (Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul–Países Árabes–África), uma organização sem fins lucrativos que promove a integração de imigrantes e refugiados ao Brasil. O projeto oferece aulas gratuitas de Língua Portuguesa e Cultura Brasileira, formação técnica, oficinas culturais, acolhimento, alimentação, apoio psicológico e atividades de empreendedorismo. São mais de 500 alunos atendidos por semana, de 22 nacionalidades diferentes.

Desde sua fundação, em 2003, a Bibli-ASPA já atendeu milhares de pessoas. A atuação se tornou ainda mais urgente com o crescimento dos deslocamentos forçados no mundo. A instituição trabalha com base em três pilares: educação, cultura e geração de renda. Para cada eixo, existem frentes específicas — interligadas — que ajudam a transformar histórias.

Todas as manhãs, mulheres do Irã, Afeganistão, Jamaica, Marrocos, Venezuela, Síria, Haiti, Nigéria, Angola, Líbano, Congo, Peru, Colômbia e de tantos outros países compartilham uma sala de aula no bairro da Santa Cecília, região central de São Paulo. Aprendem português, conhecem o SUS, a legislação brasileira, as formas de o aos serviços públicos. Depois das aulas, almoçam juntas. À tarde, participam de oficinas de teatro, música, capoeira, ou aprendem informática e gastronomia.

“Mais do que ensinar português, nosso trabalho é promover dignidade. As pessoas chegam sem redes de apoio, sem documentos, sem comida. Aqui, elas encontram acolhimento, orientação, conhecimento e espaço para reconstruir a vida”, afirma Paulo Daniel Farah, presidente da instituição.

 

Cultura como ferramenta de pertencimento

A Bibli-ASPA entende a cultura como um instrumento de resistência e pertencimento. Por isso, promove festivais, festas de integração, apresentações musicais, saraus, exposições, rodas de capoeira, oficinas de teatro, dança e moda, sempre com protagonismo dos alunos.

Em 2025, um dos destaques é o espetáculo Refúgio, que estreia em 16 de maio com elenco formado por imigrantes e refugiadas do Afeganistão, Irã, Marrocos, Venezuela, Nigéria e Congo, que compartilham suas histórias reais no palco. A montagem é uma das ações previstas no projeto viabilizado por meio de incentivo cultural, que também contempla oficinas, exposições e ações de formação artística.

Outro projeto em destaque é a construção de um café cultural dentro da sede da organização. O espaço será istrado pelas alunas e funcionará como ponto de encontro e palco para eventos, ampliando o o ao mercado de trabalho.

 

Empreendedorismo e geração de renda

Além das formações técnicas, os alunos têm a possibilidade de integrar iniciativas de geração de renda como o Projeto Nova Raiz, que oferece treinamento e capacitação para mulheres refugiadas na criação de bijuterias e aromatizadores. Os produtos são comercializados em feiras e eventos promovidos pela instituição, estimulando o empreendedorismo e a autonomia financeira.

Também são realizadas ações em parceria com empresas como Ricardo Almeida, Santa Casa, Cacau Show, Sustex Modas e Receita Federal. Uma dessas iniciativas é a produção e distribuição de roupas a partir de doações, que são customizadas por costureiras refugiadas e distribuídas em comunidades periféricas com apoio da Prefeitura.

“Queremos criar caminhos reais de independência. Muitos alunos hoje têm empregos formais, bolsas em universidades, ou empreendem em seus próprios negócios”, explica Maria Stela Oliveira Spolzino, vice-presidente da instituição.

 

Estrutura, voluntariado e parcerias

O funcionamento da Bibli-ASPA depende de uma ampla rede de voluntários, bolsistas e profissionais contratados. São professores, assistentes sociais, psicólogos, advogados, tradutores, cozinheiras, designers e pesquisadores que atuam em conjunto para garantir o acolhimento e o bom andamento dos projetos.

Toda a estrutura conta com apoio logístico, contábil, jurídico e de comunicação. A sede da instituição está em processo de reforma e ampliação, com o objetivo de atender melhor os alunos e abrigar novos projetos.

Entre os parceiros institucionais estão USP, UNIFESP, Senac, Prefeitura de São Paulo, Receita Federal, Instituto Somas, Fundação Banco do Brasil, ATPFR, Rotary Club, Associação da Bahia, Igreja dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons), Pahnagah, FIESP/CONFEM, AB, Instituto OIM (Organização Internacional para as Migrações), AB, entre outros.

O financiamento das atividades vem de diversas fontes: emendas parlamentares, doações individuais, iniciativas de incentivo fiscal, Nota Fiscal Paulista, além de patrocinadores como a NTS (Nova Transportadora do Sudeste).

“Nosso trabalho só é possível graças a essa rede de apoio e afeto. Precisamos de cada colaborador, de cada voluntário e de cada pessoa que acredita no nosso projeto”, resume Nanami Sato, coordenadora pedagógica da Bibli-ASPA.

 

 


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