Até 1983, as mulheres eram proibidas por lei de jogar futebol no Brasil

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O decreto-lei 3.199, de 14 de abril de 1941, proibia as mulheres no Brasil de jogar futebol ou qualquer outro esporte que iria contra a “natureza” feminina. Lei só mudou em 1983

Foto: Fernanda Coimbra/CBF

“A paixão nacional”: assim é descrito pela imprensa e por milhões de brasileiros o futebol no Brasil. Mas por muito tempo apenas homens podiam praticar o esporte no país.

O decreto-lei 3.199, de 14 de abril de 1941, dizia: “Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país”.

O decreto proibia não só o futebol, mas todos os esportes considerados não femininos ou da natureza da mulher. A historiadora Giovana Capucim e Silva estudou o caso em seu mestrado, recorrendo a documentos e jornais da época.

Sua dissertação se transformou no livro ‘Mulheres Impedidas: A proibição do futebol feminino na imprensa de São Paulo’, publicado pelo selo Drible de Letra, da editora Multifoco.

Com sua pesquisa, Giovana quer destacar que, mesmo com a proibição do esporte no País, as mulheres nunca pararam de jogar futebol. Seja na várzea ou em eventos de caridade, elas sempre desafiavam a tensão entre a “essência feminina” idealizada pela Era Vargas e a reafirmação da masculinidade presente nos jogos.

Após longos 42 anos, a regulamentação do futebol feminino veio em 1983. Graças à luta de jogadoras e à relevância econômica internacional. A proibição, no entanto, tem reflexos negativos no esporte até hoje, como o pouco incentivo ao futebol feminino e a falta de patrocinadores, além da falta de visibilidade na mídia.

Fonte: Jornal da USP