A responsabilidade social e a inclusão digital podem reformular o mercado de trabalho para jovens?

ONGs em Ação
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Foto: Adobe Stock.

Por Wandreza Bayona

Vivemos em um mundo conectado, onde a tecnologia transforma interações e redefine o mercado de trabalho. Entretanto, milhões de jovens em situação de vulnerabilidade ainda não têm o a essa realidade. Atualmente, mais de 10 milhões de brasileiros entre 15 e 29 anos estão fora da educação e do mercado de trabalho. A inclusão digital, aliada à capacitação profissional, é essencial para mudar esse cenário, beneficiando tanto a juventude quanto o mercado de tecnologia.

O setor tecnológico enfrenta um déficit significativo de profissionais qualificados. Segundo a Brasscom, o Brasil precisará de 797 mil especialistas em tecnologia até 2025, mas o sistema educacional atual cobre menos da metade dessa demanda. Essa lacuna representa um desafio e, ao mesmo tempo, uma oportunidade para empresas que integram a responsabilidade social às suas estratégias.

A inclusão digital não se limita ao o à internet. Ela simboliza a abertura de portas para a educação, o empreendedorismo e a empregabilidade, funcionando como um motor de desenvolvimento econômico e social. Iniciativas que promovem a capacitação profissional em áreas como programação, análise de dados e e técnico podem transformar a realidade de jovens que, muitas vezes, não encontram oportunidades formais de aprendizado e crescimento.

Entretanto, a inclusão digital vai além da qualificação técnica. Acredito no desenvolvimento integral dos jovens, em habilidades socioemocionais como autoconhecimento e autoconfiança para fortalecer talentos. Essas habilidades são tão importantes quanto o conhecimento técnico, pois moldam profissionais mais completos e capazes de contribuir ativamente para o ambiente corporativo e a sociedade.

Há mais de 25 anos, tenho acompanhado de perto os impactos transformadores que iniciativas sociais podem gerar na vida dos jovens. Em 2024, o Instituto Ser+ alcançou a marca de mais de 5000 jovens beneficiados por programas gratuitos, desses 1.700 deles estão em vagas de aprendiz. É inspirador ver muitos desses jovens contribuindo ativamente para diversos setores, trazendo inovação e novas perspectivas para o mercado.

Empresas de todos os portes têm um papel essencial nesse movimento. A colaboração entre organizações do setor privado e ONGs pode criar soluções escaláveis para ampliar o o à inclusão digital e à capacitação. Exemplos globais mostram que parcerias estratégicas resultam em impactos significativos: iniciativas como projetos de imersão gratuitos, mentorias e programas de jovem aprendizes voltados para jovens em situação de vulnerabilidade têm mostrado resultados consistentes no Brasil e no mundo.

Além disso, a responsabilidade social empresarial, integrada aos pilares ESG, traz benefícios que vão além do impacto direto. Empresas que promovem inclusão digital e capacitação fortalecem sua reputação, atraem investidores comprometidos com práticas sustentáveis e conseguem engajar equipes internas em torno de propósitos maiores. O retorno vai além do impacto social e econômico, trazendo também ganhos em inovação, produtividade e diversificação de talentos.

A transformação do mercado de trabalho para jovens exige um compromisso coletivo. Precisamos enxergar cada jovem como um potencial, capaz de impulsionar inovação e crescimento em setores estratégicos. A responsabilidade social e a inclusão digital são os primeiros os para essa mudança, mas o sucesso dependerá de iniciativas contínuas, parcerias robustas e visão de longo prazo.

Ao proporcionar oportunidades de inclusão digital voltadas para juventude, moldamos uma geração inclusiva, inovadora e sustentável. E é essa visão de impacto compartilhado que precisamos colocar no centro das estratégias de desenvolvimento, unindo esforços para transformar desafios em oportunidades reais.

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*A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião do Observatório do Terceiro Setor.

Sobre a autora:
Wandreza Bayona é CEO do Ser+, que desde 2014 atua na criação e desenvolvimento de oportunidades para a juventude, formada em Serviço Social pelo Centro Universitário FMU, com especialização em responsabilidade social corporativa e terceiro setor pela universidade FIA (Fundação Instituto de istração) e LDR pela Saint Paul.  Possui mais de 20 anos de experiência na área de Responsabilidade Social Corporativa, com foco em desenvolvimento e implantação de programas de RSC.


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