A luta das organizações e movimentos sociais em tempos de barbárie

As organizações da sociedade civil e os movimentos sociais sempre tiveram um papel fundamental na luta e defesa dos direitos de cidadania. São organizações que desenvolvem ações e projetos de interesse público com vista às mais diferentes áreas e setores.
Segundo pesquisa realizada pelo IPEA em 2020, no Brasil essas organizações somam um total de 781.895, atuando principalmente na área de desenvolvimento, defesa de direitos, saúde, assistência social e educação. A metade dessas concentra-se na região sudeste.
Em tempos de crise humanitária devido à pandemia do coronavírus e o atual contexto de crise política que atravessamos perante o governo ultraliberal de Jair Bolsonaro, essas organizações vêm ganhando grande visibilidade do seu papel desempenhado na provisão de bens e serviços e participação ativa na defesa da democracia.
Cabe destacar iniciativas importantes da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong), que tem proporcionado diversos debates de orientação às organizações, bem como informações à população acerca do coronavírus. Outra iniciativa é do Instituto para o Desenvolvimento Social (IDIS), Movimento Bem Maior e mais de trinta organizações, responsáveis pela campanha “Abrace a Saúde”.
Além dessas iniciativas é necessário enfatizar as ações dos movimentos sociais e populares com as diversas campanhas de solidariedade, bem como o ativismo em defesa e garantia de políticas públicas. Como por exemplo, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimentos em defesa dos índios e quilombolas, Movimentos em defesa da Amazônia e da Mata Atlântica, Movimento das favelas, Coletivo Papo Reto, entre as mais diversas que atuam na defesa às pessoas em situação de rua e os mais vulneráveis.
Nesse universo de organizações e movimentos os desafios são muitos perante a crise política e econômica que afeta a todos no Brasil. Esses atores têm buscado estratégias relevantes que incluem a formação de “redes colaborativas”, “capacitação específica no campo da comunicação e da tecnologia”, “mobilização do trabalho voluntário”, “readequação do orçamento” e “articulação com as instituições”.
Contudo, é importante termos consciência crítica de que a atual conjuntura se trata de uma crise de saúde humanitária, mas principalmente de uma crise estrutural do capital sem precedentes, no qual a vida humana e ambiental está sendo destruída e, a curtíssimo prazo, assistimos cada vez mais o agravamento das expressões da questão social.
É nesse contexto que a democracia tanta no Brasil, como na maioria das democracias ocidentais, recai no discurso vazio e formal, pois é incompatível com o modelo do capital calcado na exclusão da grande maioria.
Apesar do papel relevante das organizações da sociedade civil e dos movimentos sociais e populares, o caminho para a construção de outro patamar de civilidade ainda é longo e árduo diante de tantas pedras. Porém não podemos perder de vista o horizonte do sol dos direitos humanos e da ética universal.
“Mudar o mundo, meu amigo Sancho, não é loucura, não é utopia… é justiça.” (Dom Quixote de La Mancha).
*A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião do Observatório do Terceiro Setor.