A força transformadora da filantropia nos tempos atuais
Cultura de Doação
Por Custódio Pereira
A filantropia, mais do que nunca, se destaca como um caminho de mudança, capaz de mobilizar o ser humano para uma causa comum, trazendo benefícios para toda a comunidade.
Enquanto a caridade oferece alívio imediato em momentos de crise, a filantropia se dedica a abordar as raízes dos problemas, buscando soluções duradouras e sustentáveis. Essa combinação, presente ao longo da história, tem moldado sociedades mais justas e solidárias.
Embora o Brasil tenha enfrentado uma década de instabilidade que afetou o crescimento da filantropia, a crise gerada pela pandemia desencadeou uma onda de empatia sem precedentes.
Segundo o Censo Gife 2018, as doações filantrópicas de institutos, fundações e empresas somaram R$ 3,5 bilhões naquele período. Porém, esse número disparou em 2021, quando, em resposta à pandemia de COVID-19, milhares de participantes doaram mais de R$ 7 bilhões, de acordo com o Monitor das Doações.
A filantropia no mundo
Globalmente, em 2024, um recorde de 4,3 bilhões de pessoas se engajaram em ações filantrópicas, seja ajudando um desconhecido, oferecendo seu tempo ou doando dinheiro para uma ONG, conforme apontou o World Giving Index. Embora o Brasil ainda esteja na 86ª posição no ranking, o país subiu três posições em relação ao ano anterior. O relatório aponta ainda que a ajuda a desconhecidos é o comportamento mais comum, com 65% dos entrevistados afirmando ter praticado essa ação.
Esses números mostram que, mesmo em tempos desafiadores, a filantropia continua a ser uma ferramenta poderosa para promover mudanças sociais. Afinal, cada gesto de generosidade, seja ele grande ou pequeno, contribui para a construção de um mundo mais equitativo.
Filantropia na Cidade
Com o objetivo de engajar empresas, faculdades e escolas em iniciativas de voluntariado, o movimento Filantropia na Cidade convida todos a participarem ativamente da transformação social.
Realizado pelo FONIF, Instituto Presbiteriano Mackenzie, Semesp, e com apoio do Instituto ELA – Educadoras do Brasil e SIEEESP São Paulo, o evento celebra as práticas filantrópicas, oferecendo oportunidades para que crianças e jovens se envolvam em ações transformadoras.
O Filantropia na Cidade acontecerá entre 13 e 20 de outubro de 2024, período das comemorações do Dia Nacional da Filantropia. As formas de participação incluem desde a organização de mutirões de limpeza em praças locais até a doação de brinquedos para crianças.
Para saber mais e participar basta ar a página.
A história da filantropia no Brasil
A história da filantropia no Brasil foi construída a partir das nossas tradições culturais, influências religiosas e mudanças políticas e sociais ao longo dos séculos. Desde o período colonial, as práticas filantrópicas estavam ligadas a iniciativas religiosas, como as missões jesuítas. Durante o Império, surgiram instituições de caridade inspiradas por valores cristãos e princípios de solidariedade, como a fundação da Santa Casa de Misericórdia de Santos, em 1543.
A partir do século XIX, a filantropia moderna deu origem a associações dedicadas à defesa dos interesses da sociedade, evoluindo ao longo do tempo para as Organizações Não Governamentais (ONGs) e, mais recentemente, as Organizações da Sociedade Civil (OSCs).
Essas entidades, sem fins lucrativos, atuam em áreas essenciais como saúde, educação, cultura e meio ambiente, e dependem das doações de filantropos, empresas e, ocasionalmente, de recursos governamentais.
Refletindo sobre esse panorama, fica claro que cada um de nós pode fazer a diferença. Seja por meio de doações financeiras, voluntariado ou simplesmente ajudando alguém que precise, temos o poder de influenciar positivamente a vida de outros.
A filantropia não é apenas uma responsabilidade das grandes instituições, mas uma prática que cada indivíduo pode incorporar em seu dia a dia, tornando possível a construção de uma sociedade mais próspera para todos.
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A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião do Observatório do Terceiro Setor.
*Custódio Pereira é presidente do Fórum Nacional das Instituições Filantrópicas (FONIF).