A ativista pelos direitos das pessoas trans que morreu de forma misteriosa

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Há 50 anos, a ativista norte-americana Marsha P. Johnson enfrentou a opressão policial e batalhou pelo fim de uma sociedade que se negava a itir a existência de mulheres e homens transgêneros

Foto: Reprodução/Netflix

Por: Mariana Lima

Marsha P. Johnson (1945-1992) nasceu na cidade de Elizabeth, no estado de Nova Jersey (EUA), tendo vivido com seus pais, Malcolm Michaels Sr. e Alberta Claibone, e seis irmãos até concluir o ensino médio.

Em 1963, Marsha decidiu ir para Nova York. Saiu de casa com um sacola de roupas e 15 dólares no bolso. Na cidade, trabalhou em restaurantes e depois foi viver em Greenwich Village, onde se tornou drag queen e adotou o nome de Black Marsha.

O termo drag queen não tem associação com a questão de gênero e Marsha se identificava como mulher. Ela utiliza elementos femininos durante todo o dia, não apenas no momento em que realizava performances artísticas.

Sua vida foi marcada pela falta de liberdade, que dificultava o debate sobre a transgeneridade. Quando era questionada sobre o significado do “P” em seu sobrenome, Marsha dizia o que era de ‘Pay It No Mind’, ou em tradução livre, P de ‘Não se preocupe com isso”.

Em 28 de junho de 1969, quando a comunidade LGBTQ+ se revoltou contra uma batida no bar Stonewall Inn, localizado na Rua Christopher, em Greenwich Village, Marsha percebeu a importância de lutar contra a repressão que a comunidade sofria.

Johnson trabalhava nas ruas e lidava constantemente com o abuso de autoridades. Assim, ou a protestar contra a prisão e perseguição de seus “irmãos e irmãs gays”, exigindo a libertação de pessoas trans e homossexuais presas injustamente.

Os protestos seguiram após a revolta de Stonewall, que impulsionou a criação de diversos movimentos LGBTQI+, incluindo a realização da primeira parada do orgulho, chamada na época como Dia da Libertação Gay da Rua Christipher.

Apesar desta marco histórico, Marsha e sua amiga Sylvia Rivera, também ativista, sentiam a necessidade de fazer algo mais por transgêneros, que continuavam marginalizados da sociedade e discriminados dentro da própria comunidade LGBTQI+, com a luta por seus direitos negligenciados.

Na década de 1970, Sylvia e Marsha conseguiram alugar uma casa. No local, fundaram a Streat Transvestite Action Revoluntionaries (S.T.A.R.), Ação das Travestis de Rua Revolucionárias, em tradução livre.

A organização oferecia abrigo, comida e roupas para jovens trans e drag queens que viviam nas ruas de Greenwich Village. Mesmo sendo considerada um ícone, Marsha enfrentou diversos problemas ao longo de sua vida.

Em um artigo para a revista OUT, o escritor e especialista em cultura queer Hugh Ryan argumentou que a ativista viveu muito tempo nas ruas, e contou com a solidariedade das pessoas e o trabalho sexual para sobreviver.

A trajetória da ativista chegou ao fim em 6 de julho de 1992, aos seus 46 anos. Seu corpo foi retirado do rio Hudson e a polícia de Nova York declarou o caso como suicídio.

Amigos próximos de Marsha contestaram a versão e saíram em protestos pelas ruas de Nova York. Para eles, Marsha poderia ter sido vítima de um assassinato.

Em 2017, o caso foi reaberto após a ativista trans Victoria Cruz começar a investigar, por conta própria, os desdobramentos da morte.

Os esforços de Cruz resultaram no documentário “A morte e vida de Marsha P. Johnson”, disponível na Netflix, que apresenta as diversas versões sobre o caso.

Para perpetuar o legado de Marsha, a ativista Elle Hearns fundou o Marsha P. Johnson Institute. A organização atua para garantir os direitos de mulheres trans negras.

Fontes:

CARVALHO, DIANA. O ativismo de Marsha P. Johnson foi central na luta por direitos trans. Fizeram História. Reportagem publica no dia 24 de junho de 2020 no portal ECOA UOL.