Operação resgata 84 trabalhadores da escravidão em lavoura de milho

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Trabalhadores estavam em condições degradantes, com alojamento precário e sem banheiro nem reposição de água potável. Muitos estavam trabalhando mesmo contaminados pela Covid-19

Foto: Fiscalização/Divulgação

Por: Mariana Lima

Em Paracatu (MG), uma ação de fiscalização flagrou 84 pessoas em condições análogas às de escravo e vítimas de tráfico humano na produção de sementes de milho para um condomínio de empregadores.

Esse foi o maior resgate em número de trabalhadores escravizados em 2021. Parte deles estava trabalhando mesmo contaminada pela Covid-19.

A ação foi organizada por Auditores fiscais do trabalho, Ministério Público do Trabalho e Polícia Rodoviária Federal.

Os resgatados eram migrantes do Maranhão e do Norte de Minas Gerais e haviam sido aliciados por “gatos” (contratadores de mão de obra a serviço dos empregadores), segundo a operação, no começo de junho.

O condomínio de empregadores, que se juntam para contratar mão de obra para suas fazendas, contava com 207 trabalhadores, dos quais 84 foram considerados em situação de escravidão contemporânea.

Os trabalhadores estavam em condições degradantes, com alojamento precário e lotado, sem instalações sanitárias e sem reposição de água potável.

De acordo com a equipe de fiscalização, parte dos trabalhadores fez o teste para Covid-19, que deu positivo. Após isso, os empregadores colocaram 22 trabalhadores sintomáticos em uma ala separada do alojamento.

Contudo, continuaram trabalhando e convivendo em outros espaços com os demais. O local teria se transformado em um “covidário”. Diante desse quadro, a Vigilância Sanitária também interditou os alojamentos e a cantina da fazenda.

Os trabalhadores que desistissem do serviço teriam que arcar com o pagamento de suas próprias agens de retorno aos locais de origem, o que vai de encontro à lei, uma vez que os gatos os aliciaram em suas cidades. Isso dificultava a volta para casa.

De acordo com a fiscalização, houve tentativa de impedir o da equipe aos alojamentos e aos trabalhadores, que foram colocados em ônibus que ficaram circulando pela cidade.

De acordo com reportagem da Repórter Brasil, o Condomínio de Empregadores Rurais Santa Maria aparece no cadastro de empregadores responsabilizados por mão de obra análoga à de escravo, a chamada “lista suja”, organizada e mantida pelo governo brasileiro desde 2003, através de um dos seus responsáveis, Marcio Areda Vasconcelos.

Eles foram incluídos na atualização semestral de abril de 2020 por conta de outra operação, que envolveu 67 trabalhadores.

Fonte: Repórter Brasil


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