Os Livros nos Transformam

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Recentemente li um dos livros do grande e eterno escritor Ítalo Calvino, o magnífico “Por que Ler os Clássicos”. O autor nos desperta a vontade de ler e reler os clássicos quando afirma que os grandes autores jamais fazem parte de um ado, apesar de serem escritos em momentos históricos específicos. Eles nos mostram um caminho de inúmeras possibilidades de reflexões que deixam marcas durante toda a nossa trajetória de crescimento, propiciando visões mais amplas do mundo que vivemos.

Comungo da afirmação do autor de que as diferentes fases e idades da nossa vida nos fazem interpretar e ler os clássicos de inúmeras formas, como também extrair os conteúdos de maneira detalhada ou superficial.  Porém, mesmo quando somos jovens, a leitura dos autores clássicos sempre deixa sementes na nossa alma. Resgatá-las em outro momento da vida adulta torna-se ainda mais mágico, pois amos a saborear cada palavra, cada momento com paciência, prazer e alegria.

É simplesmente emocionante reler alguns clássicos em um novo patamar refinado e crítico. É nesse momento que amos a compreender as múltiplas determinações da história dos homens. “Um clássico é um livro que nunca termina de dizer aquilo que tinha para dizer”, como o autor afirma.

Outro ponto que chama a atenção no livro de Calvino é que muitas vezes sentimos vergonha de não ter lido aquele clássico, sendo difícil itir que não tivemos o aos livros fundamentais para o nosso desenvolvimento. Contudo, jamais será tarde para lê-los. É nesse momento que podemos descobrir o real prazer da eterna descoberta, mas para isso é necessário dar o primeiro o, da atitude séria e curiosa, como Paulo Freire nos mostrava.

Entretanto, fico triste em saber que o Brasil não é um país de “leitores curiosos”, nem dos autores clássicos e nem dos contemporâneos. Pesquisas apontam que o brasileiro lê em média um livro por ano. Por outro lado, a televisão é o principal meio de informação da grande maioria da população.

Será que esse resultado pode ser um dos indicadores que determinam o crescimento de pessoas violentas e ignorantes nos diversos cantos do país? Zumbis, que nada sabem e que nada sentem? Apenas ódio?

Um país que não investe em educação, não forma leitores curiosos e nem incentiva processos de indagação filosófica do mundo está fadado a eterna alienação e subalternidade, senão a barbárie e a violência. Simón Bolívar tinha razão quando dizia que “um povo ignorante é um instrumento cego da sua própria destruição.”

Márcia Moussallem

Assistente Social e Socióloga. Mestra e Doutora em Serviço Social (PUC/SP); MBA em Gestão para Organizações do Terceiro Setor. Professora Universitária. Publicou seis livros. Colunista do Observatório do Terceiro Setor.

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