Eufrásia Teixeira Leite: história da brasileira que fez da filantropia seu maior legado

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Reconhecida pela ONU e pela B3, a pioneira no mercado financeiro destinou sua fortuna milionária à educação e à caridade, transformando a cidade de Vassouras – RJ

Eufrásia Teixeira Leite em retrato histórico de filantropa brasileira
Acervo Museu Casa da Hera

Nascida em 1850, em Vassouras, interior do Rio de Janeiro, Eufrásia Teixeira Leite ficou conhecida como a primeira investidora brasileira a atuar nas principais bolsas de valores do mundo. Ao falecer, em 1930, deixou toda sua fortuna — equivalente a mais de R$ 1 bilhão em valores atuais — para ações filantrópicas, beneficiando instituições de ensino e saúde de sua cidade natal.

Eufrásia Teixeira Leite é considerada uma das mulheres mais influentes do século XIX por sua atuação pioneira como investidora internacional. Ao longo de 55 anos, negociou ações em 13 países, utilizando sete moedas diferentes e investindo em bolsas como as de Paris, Londres, Nova Iorque e também na Bovespa. Seu portfólio era tão extenso que o inventário após sua morte levou 22 anos para ser concluído.

Descendente de uma das famílias mais ricas do Império Brasileiro, neta e sobrinha de barões do café, Eufrásia utilizou a fortuna herdada para diversificar seus investimentos e ampliar sua atuação global.

Mesmo diante das limitações impostas às mulheres de sua época, ela alcançou prestígio e reconhecimento internacional, homenageada em 2019 pela ONU e pela B3 como a primeira investidora brasileira.

Após décadas morando no exterior, retornou ao Brasil definitivamente em 1928. ou um período na Casa da Hera, sua antiga residência em Vassouras, e depois se estabeleceu em um apartamento em Copacabana, no Rio de Janeiro, onde faleceu em 13 de setembro de 1930, aos 80 anos.

Sem filhos ou herdeiros diretos, destinou toda a sua fortuna — cerca de 37 milhões de réis — para instituições educacionais e de caridade de sua cidade natal.

Por sua vontade expressa em testamento, os recursos foram aplicados na construção de um hospital e duas escolas; uma para meninas órfãs, o Colégio Regina Coeli, e outra voltada à formação profissional de meninos, que mais tarde se tornou uma unidade do Senai. Além disso, determinou a preservação da Casa da Hera, hoje um importante museu histórico.

O legado de Eufrásia permanece como símbolo de visão, ousadia e responsabilidade social. Sua trajetória pioneira inspira não somente investidores, mas todos que acreditam na transformação social por meio da educação e da filantropia.

Fontes: BBC News Brasil, Invest Academy e G1.