Comunidade gamer promove cultura de doação e transformação social

Cultura de Doação
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Iniciativas sociais utilizam a comunidade gamer para propor campanhas de solidariedade e transformação. Com mais de 100 milhões de jogadores, segundo pesquisa da Newzoo, mercado de jogos eletrônicos brasileiro é o maior da América Latina

Imagem: Adobe Stock

Por Lucas Neves

O Brasil é o maior consumidor de jogos eletrônicos da América Latina. Segundo pesquisa da consultoria Newzoo, em 2022, o país tinha mais de 100 milhões de jogadores responsáveis por gastar quase 3 bilhões de dólares naquele ano. O alto engajamento e o crescimento exponencial da comunidade gamer pode servir como ferramenta para alavancar a cultura de doação.

Com diversos atos de compaixão e solidariedade, a comunidade global de jogos mostra que é possível realizar doações e projetos sociais relevantes por meio dos videogames. Um dos principais exemplos de mobilização gamer no Brasil aconteceu durante as enchentes do Rio Grande do Sul, em maio do ano ado. 

No auge da crise humanitária, que causou mortes e deixou milhares de pessoas desabrigadas, vários criadores de conteúdo digital no segmento de jogos executam campanhas de arrecadação para as vítimas. Entre eles, estava Gustavo Gomes, responsável por arrecadar cerca de R$ 150 mil em doações para o RS, durante a live.

Apelidado de ‘Baiano’, Gomes é streamer de games, trabalhando com a transmissão de conteúdos ao vivo na internet, enquanto interage com o público. Sua ação em prol das vítimas das enchentes aconteceu por meio de uma live na plataforma Twitch, a qual exibiu uma partida do jogo League of Legends com a presença de influenciadores e jogadores profissionais.

Gamer é o nome dado a quem tem o hábito de jogar videogames e outros tipos de jogos (Imagem: Adobe Stock)

Empresas de games e as ações sociais

Algumas empresas do mercado de jogos também elaboram ações para estimular a doação entre os fãs de videogame. Por exemplo, a Riot Games, desenvolvedora do League of Legends, já utilizou o engajamento dos gamers para alavancar projetos sociais.

Em 2019, a empresa americana, responsável por criar um dos jogos competitivos mais populares do planeta, lançou o seu próprio fundo de impacto social. De acordo com a Riot, o objetivo era causar impacto positivo na comunidade gamer. 

No final de 2023, a desenvolvedora de jogos anunciou que, graças à generosidade dos jogadores, as arrecadações haviam atingido U$ 50 milhões. O dinheiro do Fundo de Impacto Social da Riot Games é destinado a instituições e organizações sem fins lucrativos ao redor do mundo.

GRAACC utiliza Fortnite para arrecadar doações

No Brasil, o Hospital do Graacc (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer) usou os videogames para promover sua atuação e arrecadar doações. O projeto “Jogar para doar”, realizado em 2024, contou com a parceria do influenciador Mateus “Derponce” Yoshitani, o qual desenvolveu um mapa exclusivo no jogo competitivo Fortnite, inspirado em sugestões e histórias vindas de pacientes tratados no GRAACC.

Com o cenário desenvolvido no modo criativo, que permite os usuários personalizarem o game, o GRAACC reverteu cada o ao mapa em doações para a luta contra o câncer infantil. Vale destacar que a ação não contou com apoio ou patrocínio da Epic Games, empresa responsável pelo Fortnite.

Os interessados podem utilizar o código 0101-5488-9583 para ar esse mapa.

Convertendo pontos em doações

Os jogadores que possuem uma conta Microsoft podem acumular pontos no programa Rewards. A iniciativa permite que os gamers aumentem a pontuação da sua conta a partir de uma série de ações, como comprar games e jogá-los.

Ao acumular os pontos, os participantes podem trocá-los por cartões-presente ou converter o valor para doações. Atualmente, o serviço permite os jogadores doarem para organizações internacionais como a UNICEF e a IFAW, mas também para iniciativas nacionais como a PretaLab e a AbleGamers Brasil.

Essas e outras iniciativas mostram que já existem ações de impacto social e solidariedade no nicho dos games, podendo representar um caminho auxiliar para o desenvolvimento da cultura de doação brasileira. Afinal, segundo a Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Digitais (Abragames), a indústria nacional de jogos eletrônicos aumentou 7 vezes o seu tamanho nos últimos 10 anos, possuindo grande potencial e espaços a serem explorados.