Mãe que perdeu bebê nas enchentes do RS planeja abrir uma ONG

Direitos Humanos
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A mãe se apega a um sonho que a mantém motivada: criar uma ONG em homenagem à Agnes. “Levar o nome dela longe, é isso que me deixa de pé. É um sonho. Eu quero poder ajudar outras famílias, assim como muitas me acolheram. Quero poder ar um pouco da força que eu tenho para algumas mães que, quem sabe, vão precisar”.  Tragédia ocorreu em 4 de maio, durante tentativa de resgate em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre.

Imagem: Reprodução/ Arquivo pessoal

 

Atenção: Esta reportagem contém detalhes que podem ser sensíveis para alguns leitores.

 

A bebê Agnes da Silva Vicente foi encontrada sem vida após cair de um barco durante uma tentativa de resgate dela e de familiares em uma região inundada em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, no dia 4 de maio. A mãe, Gabrielli Rodrigues da Silva, de 24 anos,  luta para se reerguer.

Ela está entre as 31 vítimas contabilizadas no município, dentre as 182 vítimas no Estado, segundo a Defesa Civil. Recentemente, a mãe ganhou um presente especial que vai sempre carregar consigo: um colar com o rosto de Agnes registrado.

Depois de deixar a casa por conta das fortes chuvas, a família ficou no abrigo da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Canoas, até conseguir ir para a nova residência.

A família comprou uma outra casa, localizada perto de onde morava anteriormente, no bairro Harmonia. As perdas materiais foram significativas: “o que a gente conseguiu recuperar foi a mesa, o fogão e a TV, porque de resto, nada, nada, nada”, conta.

Gabrielli também é mãe de Ágata, irmã gêmea de Agnes, de Gabriel, de dois anos, e de Alice, com seis anos de idade.

A adaptação não tem sido fácil, conta a mãe. Na volta à vida fora do abrigo, os filhos adotaram comportamentos que a mãe acredita que sejam decorrentes da cheia.

Apesar de ainda pequena, a primogênita já entende melhor do que os irmãos o que está acontecendo aos seus seis anos de idade. No entanto, ela ainda pergunta onde está a irmã e diz que sente saudade.

Já Ágata, agora com nove meses, gêmea de Agnes, chora quando escuta o barulho de água, “para dar banho é um sacrifício”, atitude que não era normal anteriormente. “Sempre dei banho nela no chuveiro comigo”, conta a mãe.

ONG

A mãe se apega a um sonho que a mantém motivada: criar uma ONG em homenagem a Agnes.

“Levar o nome dela longe, é isso que me deixa de pé. É um sonho. Eu quero poder ajudar outras famílias, assim como muitas me acolheram. Quero poder ar um pouco da força que eu tenho para algumas mães que, quem sabe, vão precisar”, comenta.

Ela reconhece que ainda há um longo caminho pela frente antes de poder realizar esse plano e que precisa conseguir recursos. “Muita gente já se disponibilizou a me ajudar: médico, enfermeira, psicóloga… Mas eu preciso ainda botar minha vida em ordem para depois poder ajudar”, finaliza.

 

Fonte: g1