Atletas negros sofrem diferentes formas de racismo no esporte

Direitos Humanos
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 A ONG Todas Para o Mar, que atua na Baía de Maracaípe (Ipojuca – PE), reforça combate ao racismo, incentivando presença de negros no esporte através do surfe. O projeto atende cerca de 120 mulheres e 80 jovens, majoritariamente negros, na faixa entre 7 aos 17 anos.

FONTE: Todas Para o Mar

Os casos de racismo no esporte ainda são recorrentes no Brasil. Apenas no futebol, prática esportiva mais popular do país, mais de 40% dos atletas profissionais negros que atuam nas principais competições nacionais já sofreram racismo. Os dados são do Levantamento sobre a Diversidade no Futebol Brasileiro, publicado pela Fisia Comércio de Produtos Esportivos.

No entanto, os episódios de preconceito racial não são exclusivos no cenário do futebol. Em janeiro deste ano, as jogadoras de vôlei, Dani Suco, Camilly Ornellas e Thaís Oliveira, do Tijuca Tênis Clube, afirmaram terem sofrido ofensas raciais durante uma partida da Superliga B Feminina. Segundo as atletas negras, alguns torcedores fizeram sons de macaco e imitaram o animal durante uma partida realizada contra o Curitiba Vôlei, no Paraná.

Além das injúrias raciais, alguns atletas negros relatam que possuem dificuldade em conseguir investimento. Em vídeo publicado nas redes sociais, o surfista José Francisco, conhecido como Fininho, desabafou sobre o baixo investimento em atletas negros nas competições de alto nível do surfe. Em uma entrevista para a Globo, o atleta bicampeão catarinense afirmou que os surfistas pretos possuem poucas oportunidades no esporte e não são valorizados pelas empresas. Apesar das conquistas estaduais e de integrar a elite profissional do surfe, Fininho não conseguiu estar presente em todas as etapas do campeonato brasileiro de 2023 devido à falta de oportunidade e investimento.

Surgindo como um projeto destinado a dar visibilidade ao surfe feminino, a Todas Para o Mar é uma organização feminista e antirracista idealizada pela ex-surfista profissional Nuala Costa. Um dos propósitos da ONG é democratizar o surfe para os nativos da Baía de Maracaípe (Ipojuca – PE), também estimulando as crianças e jovens negros a reconhecerem suas potencialidades sociais e esportivas. Atualmente, o projeto atente cerca de 120 mulheres e 80 jovens na faixa entre 7 aos 17 anos, majoritariamente, negros. 

“Com a construção do coletivo TPM, as mulheres negras e periféricas e em sua maioria chefes de família conseguem ter um espaço para desenvolvimento esportivo e educacional dos seus pequenos, além de acompanhamento socioeconômico para elas mesmas. Penso que consigo dar a oportunidade muitas vezes negada em função do racismo enraizado em toda a sociedade”, afirma Nuala Costa.

As mulheres negras representam um dos grupos sociais mais vulneráveis, expostas ao racismo e à falta de oportunidade profissional. De acordo com uma pesquisa, divulgada em 2023 pela consultoria Trilhas de Impacto,  86% das mulheres negras relatam racismo no trabalho.  Além disso, o desemprego de jovens negras é 3 vezes superior ao dos homens brancos, segundo estudo da organização Ação Educativa, que utilizou dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e foi publicado no relatório Mude com Elas, em maio deste ano.

O trabalho social realizado pelo coletivo Todas Para o Mar, que incentiva presença de negros e mulheres no esporte através do surfe, colabora diretamente com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, em particular o ODS 5 (igualdade de gênero) e o ODS 10 (redução das desigualdades), ao empoderar todas as mulheres e meninas e promover a inclusão social de todos, independentemente da idade, gênero, deficiência, raça, etnia, origem, religião ou condição econômica.

 


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