Relatório da Oxfam revela a relação da desigualdade com as grandes corporações
O Relatório da Oxfam 2024 destaca como o poder das grandes corporações aumenta a desigualdade global e propõe intervenção estatal para criar um mundo mais justo.

Por Redação
A riqueza dos cinco homens mais ricos do mundo aumentou 114% desde 2020, enquanto a de 5 bilhões de pessoas diminuiu no mesmo período. Nos próximos 10 anos, o mundo poderá ter seu primeiro trilionário, mas levará quase 230 anos para acabar com a pobreza. No Brasil, em média, o rendimento das pessoas brancas é mais de 70% superior ao das pessoas negras. Além disso, quatro dos cinco bilionários brasileiros mais ricos aumentaram sua riqueza em 51% desde 2020, enquanto 129 milhões de brasileiros ficaram mais pobres.
Esses dados foram extraídos da edição de 2024 do Relatório da Oxfam Relatório da Oxfam 2024, intitulado “Desigualdade S.A. – Como o poder corporativo divide nosso mundo e a necessidade de uma nova era de ação pública”. O levantamento apresenta uma análise detalhada sobre a crescente desigualdade econômica global e as forças que a impulsionam. Este relatório destaca como a concentração de riqueza e poder em grandes corporações monopolistas contribui significativamente para o aumento da desigualdade, tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento, incluindo o Brasil. Ele reflete uma preocupação crescente com os impactos sociais e econômicos de um sistema que favorece uma minoria rica em detrimento da maioria.
O relatório sublinha a percepção pública e a necessidade urgente de intervenção estatal para combater a desigualdade. Em países como o Brasil, há um consenso crescente sobre a importância de políticas de transferência de renda e assistência social, além da tributação mais elevada sobre os mais ricos para financiar essas iniciativas. Globalmente, a pesquisa enfatiza como o crescimento do poder monopolista de grandes corporações exacerba a desigualdade, gerando lucros exorbitantes para poucos enquanto limita as oportunidades econômicas para muitos.
Entre os pontos focais do relatório estão as limitações das ideias econômicas dominantes em abordar a desigualdade. A Oxfam argumenta que os modelos econômicos convencionais falham em lidar com a concentração de poder em monopólios corporativos, que limitam a competição e exacerbam a desigualdade ao permitir que essas empresas extraiam riqueza dos trabalhadores e consumidores. Esse poder monopolista não apenas eleva os preços e lucros, mas também impõe barreiras significativas ao crescimento inclusivo e à ascensão social.
A Oxfam propõe uma abordagem multifacetada para enfrentar a desigualdade, integrando perspectivas clássicas e contemporâneas da economia política. O relatório defende que uma reforma estrutural é essencial para combater a concentração de poder e riqueza, sugerindo a necessidade de políticas públicas eficazes que promovam a justiça social. Enfrentar o poder monopolista e reintegrar a análise das classes sociais são os cruciais para reduzir a desigualdade de forma sustentável.
Em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, a Oxfam enfatiza a importância de uma ação pública robusta para redesenhar os mercados e criar um mundo mais justo e menos desigual. Propostas incluem a quebra de monopólios, o fortalecimento dos direitos dos trabalhadores, a tributação justa das corporações e dos super-ricos, e o investimento em bens e serviços públicos. Estas medidas são fundamentais para alcançar os objetivos da Agenda 2030 da ONU, especialmente os ODS relacionados à erradicação da pobreza (ODS 1), redução das desigualdades (ODS 10) e promoção de trabalho decente e crescimento econômico (ODS 8).