Protocolo ESG Racial: pacto inova a filantropia para equidade
Direitos HumanosO Pacto de Promoção da Equidade Racial implementou um Protocolo ESG Racial no Brasil, o GT de Filantropia Antirracista, visando promover a diversidade e justiça racial no debate econômico; agenda reúne empresas e instituições do terceiro setor com objetivo de promover soluções.

Por Redação
O Censo GIFE 22-23 revelou um cenário crítico em relação à equidade racial nos conselhos deliberativos de Organizações de Investimento Social Privado (ISP). Sobre a representação racial, embora haja um aumento histórico na presença de pessoas negras nos conselhos (de 19% em 2016 para 26% em 2022), a última edição da pesquisa apontou retrocessos com menos organizações tendo pessoas negras em seus conselhos. A maioria dos conselheiros ainda é composta por pessoas brancas (92%); 81% dos institutos e fundações carecem de iniciativas para promover a diversidade nesses órgãos de governança.
Com objetivo de abordar e combater as desigualdades raciais por meio de práticas filantrópicas antirracistas, a Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial, em parceria com a Fundação Tide Setubal, anunciou o lançamento do “GT de Filantropia Antirracista”. O Pacto de Promoção da Equidade Racial é uma iniciativa que implementa um Protocolo ESG Racial para o Brasil, trazendo a questão racial para o centro do debate econômico brasileiro.
“O terceiro setor é um setor estratégico para nossa sociedade, as empresas investem em filantropia por volta de R$ 5 bilhões por ano; então, imagine se você tem uma filantropia mais intencional no ponto de vista racial? Essa oportunidade de conectar várias organizações do terceiro setor, tanto organizações familiares, empresariais e institutos trará uma dinâmica muito estratégica, com um conjunto de ideias super diversas; no final do dia terá uma Agenda muito mais focada em soluções a médio a longo prazo, do que a curto prazo”, afirmou o diretor executivo do Pacto, Gilberto Costa.
ESG racial se refere a uma abordagem nos negócios e investimentos que considera fatores ambientais, sociais e de governança (ESG) com foco específico na equidade racial. Isso significa incorporar princípios e práticas que promovam a diversidade, a inclusão e a justiça racial dentro das organizações, incluindo políticas de contratação equitativas, programas de desenvolvimento inclusivos e o engajamento com questões sociais e econômicas que afetam comunidades racialmente diversas.

O grupo de trabalho será formado por um comitê de governança com lideranças do Instituto Unibanco, Casa Sueli Carneiro, Fundação Itaú Social, Ibirapitanga, Cedra e Geledés, que se concentrará em estimular a educação, sensibilização, análise, avaliação, parcerias, colaborações, advocacia e influência para promover a justiça e a equidade racial.
“O cenário de desigualdade racial, majoritário na sociedade brasileira, se expressa também no setor privado e nas organizações da sociedade civil. É preciso contar com empresas, filantropos, fundos patrimoniais que se preocupem com essas mudanças fundamentais para promover uma transformação significativa e duradoura. É necessário que esses organismos e organizações se comprometam ativamente em adotar práticas antirracistas e promover a inclusão e a equidade em todas as suas operações e iniciativas de responsabilidade social; essa é umas das principais propostas do GT”, explica Neca Setubal, presidente da Fundação Tide Setubal.
As organizações se reunirão regularmente para discutir estratégias, identificar áreas de oportunidade e trabalhar coletivamente para alcançar e fomentar a implementação de programas e projetos que visam o combate das desigualdades de gênero e raça. Além disso, ao longo do projeto, será desenvolvido um manual que oriente empresas, fundos filantrópicos e filantropos para acelerar essa agenda.
“Acho que a pandemia teve um poder de mostrar o quanto o terceiro setor é importante para a sociedade brasileira, agora que a pandemia já se foi, a gente precisa voltar a agenda para ter uma filantropia antirracista, dado que 56% da nossa sociedade é composta por pessoas negras”, finalizou Gilberto Costa.
O GT de Filantropia Antirracista contribui diretamente para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda ONU 2030, especialmente com o ODS 10 (Redução das Desigualdades) e o ODS 16 (Paz, Justiça e Instituições Eficazes).