Think Olga: mulheres no protagonismo da luta pela equidade

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A Think Olga trabalha na sensibilização para questões de gênero e interseccionalidade. Em entrevista ao Observatório, a presidente Maíra Liguori conta como a ONG contribui diariamente para autonomia das mulheres ao dedicar-se à qualificação do debate público para a promoção da equidade.

igualdade de gênero
Foto: Adobe Stock.

Por Redação

Uma pesquisa da organização Think Olga evidenciou que as mulheres gastam, em média, mais de 61 horas semanais em trabalhos não remunerados, muitas vezes invisíveis ou desvalorizados pela sociedade, como o cuidado com a casa, filhos e familiares. Outro relatório da mesma organização dá luz às questões de saúde mental que as brasileiras enfrentam ao apontar por meio de dados que, no país, 7 em cada 10 pessoas diagnosticadas com depressão e ansiedade eram mulheres.

A disponibilidade de pesquisas e dados sobre as experiências das mulheres é importante para demonstrar e abordar os desafios que afetam suas vidas diariamente. Essas informações fornecem uma base sólida para a formulação de políticas, programas e intervenções direcionadas às necessidades específicas das mulheres em diversas áreas, como saúde, trabalho, educação e segurança. A conscientização gerada por meio desses dados contribui para o combate de estereótipos de gênero, promover a igualdade e empoderar as mulheres a se envolverem ativamente na defesa de seus direitos e na busca por uma sociedade mais justa e inclusiva.

Um exemplo de organização engajada na conscientização e promoção de direitos das mulheres é a ONG onde Maíra Liguori é presidente, a Think Olga, uma entidade dedicada a sensibilizar a sociedade para questões de gênero e interseccionalidades, destacando-se na qualificação do debate público para a promoção da equidade. Ao utilizar a comunicação, tecnologia e estratégias educacionais, atua para criar um impacto positivo na vida das brasileiras. 

Foto: Divulgação/ Maíra Ligori, diretora do Think Olga.

“Nossos temas macro são trabalho de cuidado e a violência contra as mulheres. Dentro desses dois guarda-chuvas, selecionamos as questões mais urgentes e mais estratégicas a serem trabalhadas. Essa escolha é uma das etapas mais importantes do nosso trabalho e se baseia em muita literatura sobre os temas, além de uma investigação das principais conversas (em âmbito digital, mas não apenas) para verificarmos a disposição das pessoas em falar sobre isso. A partir daí selecionamos o assunto e iniciamos a etapa de co-criação com especialistas e outras entidades”, explica Maíra, que desenvolve uma articulação à nível social e institucional, dando luz às realidades que as mulheres enfrentam no cotidiano e promovendo um espaço que contribui para a equidade de gênero.

Comunicação para transformar

Mãe, jornalista e diretora na consultoria Think Eva e na ONG Think Olga, Maíra recebeu o prêmio de bi-campeã do WEPs, da ONU Mulheres; indicada ao Prêmio Caboré (2021); finalista do Troféu Mulher Imprensa (2023);  eleita uma das 100 mulheres mais inovadoras do mundo pela BBC de Londres em 2017, e em 2022, escolhida pelo Meio & Mensagem como uma das pessoas que estão mudando o jogo no mercado de comunicação.

Ela contou ao Observatório os caminhos traçados pela Think Olga para abrir espaços de debate sobre assuntos rotineiros, mas que não são discutidos em âmbitos sociais e afetam diretamente a redução das desigualdades. A partir da realização de jornadas, produção de conhecimento e compartilhamento, a ONG atua no terceiro setor desenvolvendo eixos de trabalho relacionados à autonomia financeira, emocional e de conhecimento, além de realizar extensas pesquisas sobre o impacto da economia do cuidado –  que também foi tema do Enem 2023, trazendo luz sobre o trabalho empreendido por mulheres em suas casas e no cuidado de familiares.

“Quando ouvíamos as mulheres, as pessoas dizendo que quando acabasse o lockdown estaríamos felizes, aliviados, saltitantes… Não foi o que aconteceu na prática. O lockdown acabou, a pandemia arrefeceu e o que vimos foi que as mulheres estavam ainda muito esgotadas e tentando catar os caquinhos. Então, nós (Think Olga) quisemos entender o que era esse esgotamento, esse burnout que estava assombrando tantas de nós”, explica Maíra.

Trazendo um diagnóstico importante sobre a saúde mental das mulheres brasileiras, a ONG realizou o estudo “Esgotadas“, fornecendo dados, desafios e soluções para o autocuidado dessa parcela da população. A pesquisa foi avaliada a partir de percepções da Diretora da organização Maíra Liguori e de suas parceiras de trabalho, apresentando um panorama sobre os efeitos na saúde mental feminina diante da pandemia.

Contribuindo diretamente para diferentes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especialmente na saúde e bem-estar (ODS 3), promoção da igualdade de gênero (ODS 5) e redução das desigualdades (ODS 10), a Think Olga também desenvolve o laboratório “Mulheres em Tempos de Pandemia“, uma iniciativa replicável para entender e abordar os impactos da COVID-19 na vida das mulheres; a campanha “Chega de Fiu Fiu” de combate ao assédio sexual em espaços públicos, realizada desde 2013, e o projeto “Conexões que Salvam“, que para tornar a internet mais segura para mulheres oferece informações e acolhimento diante da violência online.

 


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