Setembro amarelo: ONG oferece apoio emocional para prevenir o suicídio
VoluntariadoO Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece conversas gratuitas, anônimas e sem julgamentos para prevenir o suicídio; o atendimento pode ser feito por telefone, através do 188, por e-mail, chat, carta e presencialmente

Por Ana Clara Godoi
Você já deve ter ouvido falar do termo “mal do século”. A expressão é utilizada para se referir a problemas muito evidentes durante um longo período, como doenças. No século XXI, a depressão atinge mais de 350 milhões de pessoas em todo o mundo e é a principal preocupação da Organização Mundial da Saúde (OMS).
No Brasil, mais de 23 milhões de pessoas possuem algum tipo de transtorno mental. O país é o que lidera o ranking da ansiedade e mais de 13% da população é depressiva, de acordo com dados da OMS. O cenário é preocupante não somente no Brasil, mas em toda a América Latina; a Organização Pan-americana de Saúde fez um alerta: 8 em cada 10 pessoas diagnosticadas com ansiedade e depressão não têm o à tratamento.
Para prevenir o suicídio e prestar apoio emocional a quem precisa, o CVV – Centro de Valorização da Vida oferece, de forma voluntária, conversas confidenciais e anônimas, sem críticas ou julgamentos, para brasileiros de todas as idades. O contato com a ONG fica disponível 24 horas todos os dias e é feito de forma gratuita por telefone, no 188, por e-mail, chat, carta e até mesmo no formato presencial.
Em 2022, mais de 3,4 milhões de pessoas buscaram apoio emocional no CVV. Carlos Correia, voluntário da instituição, relata a importância da iniciativa.
“Para mim, o trabalho voluntário que realizo, dá-me a grande oportunidade de ajudar o próximo que está geralmente bem fragilizado e que precisa muitas vezes de apenas um pouco de atenção e acolhimento para seguir em frente com a sua vida”.
Fundado em 1962, o CVV é uma das organizações não governamentais mais antigas do Brasil, com uma história de atuação que foi iniciada com base no contato humano como forma de apoio emocional, prevenção do suicídio e manutenção da saúde das pessoas. Atualmente, o CVV opera em cerca de 100 postos de atendimento, distribuídos por 23 estados e o Distrito Federal, além de contar com 3.500 voluntários em todo o país. Há ainda 10 endereços que abrigam Grupos de Apoio a Sobreviventes do Suicídio, em compromisso com a prevenção e o cuidado emocional de longo prazo.
“Acreditamos que o melhor caminho é sensibilizar e conscientizar o público em geral sobre a importância de se falar abertamente sobre suicídio para promover sua prevenção e a valorização da vida. Nós, do CVV, entendemos que as pessoas, organizações, empresas e o poder público aram a olhar com mais respeito e atenção o assunto em decorrência da quebra de alguns tabus. No entanto, é preciso intensificar essa corrente durante todo o ano”.
O suicídio tira a vida de um brasileiro a cada 45 minutos. A campanha do Setembro Amarelo, que conscientiza a população sobre saúde mental, tem papel significativo para a quebra do tabu que é conversar sobre o assunto. “É evidente que a sociedade está mais receptiva ao diálogo sobre suicídio e sua prevenção, tendo superado alguns preconceitos. A sociedade civil, o setor de saúde, o poder público, indivíduos e organizações estão mais conscientes da gravidade desse problema e da importância de apoiar a redução das taxas de suicídio”.
O trabalho do CVV contribui para o alcance do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 3 da Agenda 2030 da ONU, meta que incentiva a promoção de saúde e bem-estar para toda a população.