O que movimentou a economia no Brasil e no mundo em abril de 2022

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A Economia em abril de 2022: crescimento fraco e inflação preocupante

O que movimentou a economia no Brasil e no mundo em abril de 2022
Foto: jcomp via Freepik

Por Jordanno Santos

Em abril de 2022, os investidores globais deram sinais claros que estão extremamente receosos com o aumento generalizado de preços, que já é responsável pela maior inflação mundial dos últimos 40 anos, e se não bastasse isso, o aumento das taxas básicas de juros no mundo para combater essa inflação tem grande potencial de reduzir o crescimento dos países já nos próximos trimestres.

Essa combinação de países crescendo muito pouco, ou até uma recessão, mais inflação elevada, chamamos de estagflação no jargão do mercado financeiro. Palavra bastante conhecida por nós brasileiros, que vivenciamos isso de perto entre os anos de 2014 e 2020. Por outro lado, o mundo não faz ideia do que seja isso. Por lá, nos últimos 20 anos, a inflação foi muito baixa, e o crescimento foi acelerado, principalmente nos EUA.

Nas últimas semanas, o mercado financeiro parece ter despertado realmente para o risco de estagflação, com esse sentimento de medo refletindo nos ativos financeiros. Nos EUA, um dos principais índices da bolsa americana, o Índice NASDAQ, apresentou seu pior mês desde 2008, e os demais índices globais de ações, incluindo o IBOVESPA no Brasil, amargaram retornos péssimos no mês, em média, queda de 10%.

A evolução da guerra na Ucrânia e a recente onda de Covid-19 na China, que resultou em severas quarentenas, está contribuindo para o sentimento pessimista dos investidores globais.

No Brasil, fomos impactados por esse cenário mais sombrio nos países desenvolvidos. No último mês, os investidores estrangeiros retiraram aproximadamente 5,0 bilhões de reais somente da nossa bolsa de valores, impactando o retorno das ações brasileiras e a cotação do dólar, que iniciou o mês em R$ 4,66 e terminou em R$ 4,97.

O efeito da valorização do dólar foi observado nas carteiras de investimentos que possuíam alocações no exterior. Apesar do investimento ter apresentado retorno negativo, por conta da queda de aproximadamente 10% nas bolsas globais, o resultado do investimento no exterior foi um pouco melhor quando se converte de dólar para real.

Em relação aos movimentos econômicos e políticos exclusivos do Brasil, o mês não trouxe muitas novidades, as eleições ainda não estão impactando os ativos financeiros no país, todavia, esperamos que em breve o mercado financeiro se volte totalmente para os desdobramentos da corrida presidencial deste ano, trazendo mais volatilidade para as carteiras de investimentos.

Nesse contexto, no mês de abril de 2022, os títulos públicos indexados à inflação (Tesouro IPCA ou NTN-B) rentabilizaram em média 0,83%, os títulos prefixados (Tesouro Prefixado ou LTN e NTN-F) rentabilizaram -0,12%, enquanto, os títulos pós-fixados (Tesouro SELIC ou LFT) rentabilizaram 0,69%, abaixo do ativo livre de risco representado pelo CDI, que também valorizou 0,83%.

No mercado de ações, o IBOVESPA, principal índice acionário brasileiro, rentabilizou -10,10%, enquanto, no exterior, o S&P 500, a NASDAQ e o MSCI WORLD, principais índices globais de ações, rentabilizaram -8,80%, -13,26% e -8,43% respectivamente.

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Sobre o autor:

Jordanno Brunno Nicoletta dos Santos é graduado em Ciências Atuariais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade de São Paulo (USP). É sócio diretor na i9Advisory Consultoria, uma consultoria de investimentos independente.


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