Escola denunciada por maus-tratos tinha bebês amarrados e trancados no banheiro

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Uma escola infantil particular da Zona Leste de São Paulo está sendo investigada por suspeita de maus-tratos após vazamento de vídeos que mostram bebês amarrados e chorando, trancados em um banheiro

Vídeos mostram crianças amarradas em banheiro de escola infantil na Zona Leste de SP/ Imagem: Reprodução

A Polícia Civil investiga uma escola infantil particular da Zona Leste de São Paulo por suspeita de maus-tratos de alunos após vídeos, que circulam nas redes sociais, mostrarem pelo menos quatro crianças chorando amarradas, com os braços presos por panos, como se estivessem imobilizadas por ‘camisas de força’.

Nos vídeos é possível ver que as crianças estão dentro de um banheiro, sentadas em cadeirinhas de bebês, no chão, embaixo de uma pia e próximas à privada. Uma mãe identificou seu filho em dois vídeos.

O g1 apurou que as imagens foram gravadas dentro da Escola de Educação Infantil Colmeia Mágica, na Vila Formosa, que é alvo de um inquérito policial aberto na Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco) da 8ª Delegacia Seccional. Além do crime de maus-tratos, a delegacia investiga a unidade escolar por suspeita de periclitação da vida e da saúde, que seria colocar a vida das crianças em risco, e submissão de crianças a vexame ou constrangimento.

A denúncia chegou há pelo menos duas semanas ao Cerco-8 por meio dos vídeos que circulam na internet. A polícia ainda tenta identificar quem fez as filmagens. Até o momento ninguém foi responsabilizado pelos crimes.

A Colmeia Mágica atende crianças com menos de 1 ano de vida até 6 anos de idade, que são do berçário ao Jardim 2. Além desse caso, a escola já havia sido investigada há cerca de dois anos pela polícia por suspeita de maus-tratos contra um aluno. Depois dos vídeos circularem nas redes sociais, mais denúncias foram surgindo.

Suspeita de constrangimento, risco, negligência. Crianças amarradas e imobilizadas com lençóis, trancadas no banheiro para abafar o choro, sentadas embaixo da pia, ao lado de vasos sanitários, hematomas pelo corpo, água gelada jogada no rosto — há, ainda, histórico de morte de um bebê de três meses há alguns anos.

E em 2010 uma aluna chegou morta ao hospital após ter ado mal dentro da unidade escolar.

Fundada em 2000, a escola está aberta há 22 anos, mas somente em 2016 a Secretaria Municipal de Educação (SME) deu autorização para o funcionamento. Isto é, funcionou por 16 anos de forma irregular.

Pela lei, as creches e escolas particulares de educação infantil são de responsabilidade do município e precisam de autorização da pasta para funcionar. À Prefeitura cabe também a fiscalização desses estabelecimentos.

A Polícia Civil já abriu uma investigação e a Prefeitura de São Paulo informou que a Secretaria Municipal da Educação também ou a apurar o caso. A Secretaria Municipal de Direitos Humanos acionou a Ouvidoria de Direitos Humanos e deve comunicar também o Conselho Tutelar.

A investigação ainda não foi concluída. Mas as donas podem ser responsabilizadas futuramente (indiciadas) pelos crimes listados acima. A pena para esses crimes somados pode resultar em prisão, caso sejam condenadas na Justiça.

Fonte: g1