Brasil corta 93% da verba para pesquisas sobre mudanças climáticas
Desde início do governo Bolsonaro, verbas federais para pesquisas e projetos de adaptação ou redução das mudanças climáticas caíram 93%

Por: Juliana Lima
O governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cortou em 93% os gastos para estudos e projetos de adaptação ou redução das mudanças climáticas nos três primeiros anos de sua gestão (2019 – 2021), quando comparado aos três anos anteriores. A informação foi revelada em reportagem inédita da BBC News Brasil, que coletou dados por meio do Sistema Integrado de Orçamento do Governo Federal (Siop).
O levantamento aponta que no atual governo a verba para pesquisas em mudanças climáticas ficou em torno de R$ 2,1 milhões. Já entre janeiro de 2016 e dezembro de 2018, os investimentos nessa área foram de R$ 31,1 milhões. Para especialistas, esses números demonstram a falta de preocupação do governo em relação às pautas do meio ambiente.
No governo federal, existem dois principais projetos de redução das mudanças climáticas: o 20G4 – Fomento a Estudos e Projetos para Mitigação e Adaptação à Mudança do Clima; e o 20VA – Apoio a Estudos e Projetos de Pesquisa e Desenvolvimento à Mudança do Clima. O primeiro é de responsabilidade do Ministério do Meio Ambiente, enquanto o segundo é do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
Segundo o levantamento da BBC, os investimentos nas pesquisas em mudanças climáticas já vinha caindo antes da atual gestão. Em 2016, por exemplo, foram gastos R$ 20,7 milhões. Em 2017, o valor caiu para R$ 8,4 milhões; e em 2018, foram gastos apenas R$ 2 milhões na área.
No governo Bolsonaro, no entanto, a queda de investimentos foi ainda mais acentuada: em 2019, foi empenhado R$ 1 milhão; em 2020, R$ 659 mil; e até outubro deste ano, foram gastos apenas R$ 426 mil. O levantamento mostra ainda que em 2019 os investimentos que partiam do Ministério do Meio Ambiente já haviam sido zerados.
Brasil na COP-26
O presidente Bolsonaro tem recebido críticas em relação à sua política ambiental desde o início de seu governo por parte de ativistas e organizações que trabalham pela defesa do meio ambiente. Mas desde 2020, principalmente, o cenário internacional também vem fazendo críticas mais duras à postura do Brasil frente ao tema.
Na COP-26 (Conferência do Clima da ONU), que tem sido realizada desde o dia 31 de outubro em Glasgow, na Escócia, a comitiva do governo brasileiro tem tentado convencer a comunidade internacional de que ele está comprometido com a agenda ambiental global.
No dia 02 de novembro, o Brasil assinou, junto de mais de cem países, um acordo para a proteção de florestas que tem como meta zerar o desmatamento no mundo até 2030. O país também aumentou sua meta de redução de gases poluentes de 43% para 50% até 2030, e se comprometeu em antecipar a meta de zerar o desmatamento ilegal de 2030 para 2028.
O Brasil tem registrado altas históricas na taxa de desmatamento, principalmente na Amazônia. Entre 2019 e 2020, foram desmatados mais de 20 mil quilômetros quadrados, uma área equivalente a 13 cidades de São Paulo. Diante dessa realidade, cientistas, ativistas e organizações da sociedade civil encaram com ceticismo as promessas que o governo tem feito na COP-26.
Fonte: BBC
04/03/2022 @ 08:30
[…] descaso de nossos governantes, será a mais impactada. É urgente que haja uma mudança rápida nas políticas públicas de adaptação no Brasil e no mundo, com orçamento adequado para perdas e danos das populações […]