80% das espécies de anfíbios perderão áreas adequadas no Pantanal, até 2100
Impacto das ONGsSegundo estudo publicado no Journal of Applied Ecology, cerca de 99% da Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai deve sofrer com perda de espécies de anfíbios

Mais de 80% das espécies de anfíbios do Pantanal e seu entorno perderão áreas adequadas, até 2100. A estimativa foi desenvolvida em estudo realizado por pesquisadores do Brasil e da Suíça, publicado no Journal of Applied Ecology e apoiado pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
Mesmo em um cenário positivo de redução das emissões de gases de efeito estufa, os pesquisadores preveem que as extinções locais afetem 99,87% da área da Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai. No contexto pessimista, o percentual sobe para 99,99%. A região abrange parte do Pantanal, a qual é a maior área úmida continental do planeta.
Desse modo, o estudo alerta que, até 2100, a região pode perder a maioria das áreas adequadas para vida de anfíbios, como sapos, rãs e pererecas. Para chegar a essa estimativa, os pesquisadores cruzaram um banco de dados sobre localização das espécies da região com as projeções climáticas para o final do século.
Para reverter a situação e proteger a biodiversidade de anfíbios, os quais dependem muito da umidade existente no Pantanal, os autores do estudo sugerem criar novas unidades de conservação na Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai. Conforme o estudo, o percentual atual de conservação (5,85%), protege, em média, menos de 5% dos anfíbios distribuídos geograficamente no Pantanal.
O estudo conduzido por pesquisadores brasileiros e suíços sobre os anfíbios no Alto Paraguai colabora diretamente com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela Agenda 2030 da ONU. No ODS 15 (Proteger a Vida Terrestre), por exemplo, o pacto adotado por todos os Estados-Membros das Nações Unidas prevê a tomada de medidas urgentes e significativas para reduzir a degradação de habitats naturais, além de travar a perda de biodiversidade e evitar a extinção de espécies ameaçadas.
Atualmente, a Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai conta com 74 espécies de anfíbios conhecidas na região, a qual abrange o Brasil, com o Pantanal, e partes da Bolívia e Paraguai.