Médicos Sem Fronteiras denuncia restrições à ajuda humanitária em Gaza
Direitos HumanosOrganização alerta para agravamento da crise com aumento da desnutrição, colapso de serviços básicos e impedimentos à atuação de ONGs

A organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou neste mês de maio as severas restrições à entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, afirmando que propostas de controle por parte dos governos dos Estados Unidos e de Israel comprometem a neutralidade e a eficácia do socorro à população civil.
Segundo a MSF, qualquer plano que submeta a assistência humanitária aos objetivos militares israelenses representa uma grave violação dos princípios éticos, humanitários e legais. A entidade alerta que a situação já é crítica, com o número de pacientes com desnutrição aumentando em 32% nas últimas semanas apenas na Cidade de Gaza.
Martina Marchiò, responsável médica da MSF em Gaza, afirmou à mídia do Vaticano que há uma “necessidade imediata de um cessar-fogo e da reabertura das fronteiras para permitir a entrada de ajuda em massa e de forma contínua”.
Outras organizações, como a World Central Kitchen e o Programa Mundial de Alimentos (PMA), também confirmaram o esgotamento dos estoques de alimentos, informando que a maioria das cozinhas comunitárias e padarias foram obrigada a fechar.
As equipes da MSF em Gaza estão sem receber suprimentos há 11 semanas, enquanto o número de mortos já ultraa as 52 mil vítimas. No hospital de campanha da organização em Deir Al Balah, no centro-sul da região, o número de pacientes aumentou 150% nos últimos dias.
Além disso, 70% da Faixa de Gaza está agora sob ordens de evacuação ou declarada zona militar proibida. Isso forçou a população a se deslocar repetidamente e levou ao fechamento de ambulatórios e salas de sedação, além da suspensão de atendimentos em fisioterapia e saúde mental — serviços essenciais, sobretudo para crianças vítimas de queimaduras.
Diante desse cenário, a MSF faz um apelo urgente à comunidade internacional, incluindo a ONU, a União Europeia e outros países com influência sobre Israel, para que utilizem sua força política e econômica a fim de garantir o o livre e seguro à ajuda humanitária. “Infelizmente, não há mais tempo, não há mais para ninguém. Chegou a hora de reconhecer isso e pôr fim a essa violência que já dura mais de 20 meses”, conclui Marchiò.